Um grupo de seis pessoas ocupou esta terça-feira de manhã a sala onde está exposto As Meninas, o famoso quadro de Diego Velázquez, no Museu do Prado, para exigir a atenção do governo para as vítimas dos envenenamentos por óleo de colza de 1981, que provocou a morte de cinco mil pessoas.

Os manifestantes entraram no museu madrileno pelas 10h (9h em Lisboa) para protestar contra o “abandono” do governo e exigir uma reunião com o primeiro-ministro, Pedro Sánchez. O grupo, que pedia ajuda financeira para cobrir as despesas com os tratamentos realizados pelos sobreviventes de um dos maiores escândalos alimentares de sempre, ameaçou com o “descanso eterno” se as exigências não fossem ouvidas.

“As vítimas da colza fecham-se no Prado e ameaçam executar em direto o descanso eterno”, refere o comunicado da associação Seguimos Vivendo, a que pertence o grupo, onde se exige o fim da “humilhação e do abandono” por “governos e políticos”. “Seis horas após a nossa chegada, começaremos a ingerir comprimidos”, pode ler-se no documento, partilhado nas redes sociais.

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Os seguranças tentaram retirar os manifestantes “à força” e convencê-los a sair da “sala mais importante” do Museu do Prado, relataram à Cadena SER, explicando que escolheram a sala das Meninas para o protesto porque a cultura os tem ajudado. Estes resistiram, sendo retirados do local pela polícia. Segundo a rádio, pelas 11h (12h em Lisboa), o museu, que não chegou a ser encerrado, tinha já recuperado o seu ritmo habitual.

O protesto desta terça-feira no Museu do Prado, um dos mais importantes em Espanha, acontece numa altura em que se assinalam os 40 anos da publicação do decreto-lei de proteção das vítimas do óleo de colza, uma medida que o grupo considera ter tido nenhum efeito, uma vez que estão “condenados a viver como em 1981 por causa do abandono do Estado”.

Cerca de cinco mil pessoas morreram na década de 1980 em Espanha devido à ingestão de um produto impróprio para consumo que era vendido como óleo alimentar. O envenenamento em massa deixou sequelas em mais de 20 mil pessoas, a maioria delas incuráveis. Doenças pulmonares e outros síndromes debilitantes em milhares de espanhóis foram mais tarde associados ao óleo de colza, refere a Reuters.