Rui Rio vai à luta. Na primeira declaração pública que fez depois do anúncio (em comunicado e no Twitter) da sua recandidatura, o líder social-democrata tentou afastar a ideia de que Paulo Rangel parte para esta corrida com um favoritismo teórico. Desafiado a dizer se entende ter apoio no partido para voltar a vencer as eleições, Rio cortou a eito: “Claro que tenho”.
Tal como explicava o Observador na terça-feira, grande parte da narrativa do líder social-democrata para esta campanha interna vai passar por insistir que são os militantes e não as estruturas partidárias a determinar quem será o próximo presidente do partido e candidato a primeiro-ministro. Foi isso mesmo que repetiu Rio aos jornalistas, à margem de reunião com elementos do Comité Olímpico.
“É-me completamente indiferente quem parte a vantagem. Quem vai decidir é o militante. A maioria dos militantes são homens e mulheres livres que vão votar em função daquilo que eles entendem que é melhor para o partido e para o país e não naquilo que alguém os manda votar“, reforçou.
Desafiando a comunicação social a ir ler o que se escreveu sobre as derrotas antecipadas contra Pedro Santana Lopes e depois contra Luís Montenegro, Rio voltou a sugerir que o teórico favoritismo de Rangel junto das maiores distritais e concelhias do PSD “não vale nada“.
“Qualquer eleição é sempre difícil. Cada jogo é um jogo. Tenho um desprendimento que vocês não entenderam um dia vão perceber”, disse Rio.
Sobre os motivos que o levaram a avançar com uma recandidatura, o líder do PSD remeteu o essencial para o comunicado divulgado na terça-feira por Salvador Malheiro, vice do partido e diretor de campanha de Rio, acrescentado que foi movido pelas “convicções” que tem sobre o que seria a sua “obrigação” neste momento da vida do país.
“Depois de ter feito estes quatro anos entendi que não era facilmente atendível pelos portugueses e pelos militantes que dissesse ‘chega’. Alguns entenderiam que tenho o direito a ir para casa, descansar. Mas a maioria não entenderia e de certa forma exige-me com alguma razão que esteja disponível”, notou.
Também na terça-feira, o Observador explicava que, em caso de existir de facto o chumbo do Orçamento e uma crise política, a direção de Rio planeia a convocar um Conselho Nacional extraordinário para forçar o adiamento das eleições internas. Confrontado com essa hipótese, o líder do PSD não confirmou, nem desmentiu. “Cada coisa a seu tempo“, cortou.
Quanto à data e local de apresentação formal da candidatura, Rio explicou que talvez não aconteça esta quinta-feira, em Lisboa, mas antes na sexta-feira longe da capital. O presidente do PSD prometeu clarificar isso mesmo em breve.
Rio deixou ainda um último comentário sobre Vladimiro Feliz e o acordo alcançado no Porto entre PSD e Rui Moreira. Dizendo repetidamente que “não se mete” nas decisões tomadas por autarcas, o líder social-democrata garantiu que não há qualquer dissabor com Feliz. “Se concordo ou discordo, fica cá comigo. [Mas] não estou zangado com Vladimiro Feliz. É uma pessoa extraordinária.”