Antes de Aloy, de “Horizon Zero Dawn”, ou de Master Chief, da saga de videojogos “Halo”, já existia Samus Aran. A famosa caçadora de recompensas intergalática, que é a personagem principal da saga “Metroid”, há mais de 30 anos que mostra aos jogadores que um jogo não precisa de ser tecnicamente complexo para cativar jovens e menos jovens. Depois de algumas aventuras mais recentes em 3D — e até presenças fiéis na saga de luta “Super Smash Bros.” –, a personagem voltou este ano com “Metroid Dread”, uma aventura em 2D cheia de salas labirínticas para desbravar. É uma experiência que levará ao passado quem jogou esta série nos anos de 1980 e 1990 e agradará a quem pegue nesta saga pela primeira vez.
Metroid Dread
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Plataformas: Nintendo Switch
A favor:
- Desafios equilibrados
- Experiência side-scrolling (2D)
Contra:
- História pouco cativante
Para quem é este jogo?
Para os fãs de Metroid; para quem quer um jogo com desafios interessantes e não procure apenas bons gráficos, antes uma boa experiência; para quem gosta de puzzles; para quem gosta de videojogos em 2D.
Para quem não é este jogo?
Para quem quer uma experiência linear; para quem não gosta de voltar atrás nos jogos para descobrir coisas; para quem quer uma personagem equipada com todos os “poderes” desde o início; para quem não gosta de perder em videojogos; para quem quer um jogo que, à primeira, segunda ou quinquagésima tentativa, pode ser finalmente ganho.
A história de “Metroid Dread” é a continuação das aventuras de Samus que, desde 2002, não tinham sido desenvolvidas — entretanto, houve novos jogos da série, mas, cronologicamente, trataram-se de prequelas. Desta vez, Samus aterra num planeta inóspito e, perante um novo inimigo, perde todos os seus poderes. Aos poucos, o jogador vai ter de passar por várias salas — tudo em formato side-scrolling, que é como quem diz nos videojogos “um jogo em 2D em que só se anda para cima, para baixo, para a esquerda ou para a direita” — e levar Samus a tentar fugir do planeta.
[abaixo, veja o trailer de “Metroid Dread”:]
O facto de “Metroid Dread” ser uma aventura side-scrolling não significa que seja um jogo curto, fácil ou pouco exigente. Muito pelo contrário. Aliado ao poder da Nintendo Switch, este jogo mostra que, em 2021, não são precisos cenários 3D para se conseguir um experiência divertida. Apesar do ambiente por vezes sombrio deste videojogo, há muitas cores vivas e gráficos que lembram o jogador que está a jogar um jogo recente e não apenas uma experiência de jogo que já seria possível no passado. (Uma nota adicional quanto aos gráficos, este é um jogo que serve de boa amostra para as vantagens da nova Switch OLED quando se joga em modo portátil).
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Por vezes, pode ser difícil controlar Samus da mesma maneira que se fazia nas consolas antigas da Nintendo — a Switch tem mais botões e pode ser confuso — mas a prática ajuda a transformar a jogabilidade num aliado para usufruir da aventura. O ecrã tátil da consola de nada serve. Contudo, os controlos analógicos para apontar mísseis ou os botões traseiros dos comandos vão ser todos muito usados, principalmente quando aparecerem monstros mais desafiantes (e vão aparecer).
Quanto à missão que o jogo propõe: Samus tem vários poderes que vai recuperando ao longo da aventura; e todos os cenários, inúmeras salas e puzzles que é preciso resolver deixariam envergonhados muitos jogos 3D que têm sido lançados nos últimos anos. Seja a eliminar os diferentes inimigos que vão aparecendo, a derrotar os “bosses” (inimigos especiais) para poder continuar a história ou a tentar perceber qual o caminho a escolher, “Metroid Dread” é desafiante sem frustrar demasiado.
Na prática, e como em tantos jogos, o objetivo é simples: não morrer. Não obstante, não pense que isso é fácil: se jogar, vai morrer muitas vezes. Há várias estações neste planeta para se descobrir e poderes para desbloquear. Toda a aventura desenrola-se como se o jogo fosse um nível gigante que parece que nunca acaba. No final, é impossível descobrir tudo sem falhar ou morrer, nem que seja uma vez. E, verdade seja escrita, é isso que torna “Metroid Dread” aliciante como os jogos mais antigos da saga também o eram.
Quando finalmente se desbloqueia o caminho para a sala seguinte ou se percebe qual é a sequência necessária de tiros e mísseis para derrotar um inimigo, “Metroid Dread” é muito recompensador. A título de exemplo desta experiência, inicialmente, quando Samus é confrontada com um EMMI, um dos inimigos principais do jogo, o resultado é aterrador. No entanto, ao descobrir novos poderes — como a camuflagem ou armas mais potentes –, estes embates ficam mais interessantes e mostram como um jogador progrediu, levando-o a querer continuar a jogar. O jogo vai ficando mais difícil, mas Samus também fica mais poderosa, numa balança equilibrada.
Mesmo que a história de Metroid possa não ser suficiente para prender um jogador ao ecrã, o jogo vale como ato único. Depois de horas a procurar caminhos e atalhos para descobrir os vários mapas das inúmeras salas e cenários, foi difícil largar a consola.
Veredito final: uma aventura para fãs de Metroid e para quem quer passar a ser
“Metroid Dread” mostra que o género de videojogos side-scrolling continua bem vivo em 2021 — e não só para esta saga. O videojogo proporciona uma experiência de jogo divertida, desafiante e porá a maioria dos jogadores colado à consola por muitas horas. É um jogo fácil de pegar a qualquer momento para 10 minutos de diversão e que, facilmente, podem tornar-se em várias horas em frente a um ecrã.
Mesmo para os fãs de Metroid, a história não é, de todo, a mais elaborada ou interessante. No entanto, e não avançando spoilers, este jogo mostra também que, por vezes, a arte de um videojogo está nos desafios e não na estrutura. E, nisso, “Metroid Dread” é um videojogo como há poucos por estes dias.