O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, manifestou esta terça-feira preocupação com as “situações visíveis de insegurança” na cidade, inclusive os esfaqueamentos ocorridos recentemente, e defendeu a reativação do Conselho Municipal de Segurança.
“O meu projeto para Lisboa é um projeto de uma Lisboa segura”, afirmou o social-democrata, após uma reunião com a Polícia Municipal, nas instalações na Praça de Espanha, e de uma outra com a Polícia de Segurança Pública (PSP), no Comando Metropolitano de Lisboa, em Moscavide, concelho de Loures, distrito de Lisboa.
Indicando que a segurança que é um dos principais ativos de Lisboa, o autarca, eleito em setembro, disse que as reuniões com as duas forças policiais serviram para transmitir a intenção de reativar o Conselho Municipal de Segurança, “em que a Polícia Municipal se senta com a PSP e com o presidente da câmara e com o vereador [com o pelouro], para falar sobre as situações na cidade”.
“Aquilo que temos visto é que nos últimos tempos tem havido situações visíveis de insegurança e que isso preocupa as pessoas, preocupa os lisboetas. Lisboa tem essa marca de segurança e para quem vem de fora é tão importante. Ver que estamos a viver estas situações preocupa-me, portanto vim transmitir também como presidente da câmara essa preocupação, a preocupação de que é importante ver, efetivamente, mais polícia na rua, que as pessoas sintam essa segurança, que tenhamos programas de polícia comunitária, programas de proximidade”, declarou.
Acompanhado do vereador social-democrata Ângelo Pereira, o presidente da Câmara de Lisboa recusou afirmar que a sua presença seria um sinal de que irá assumir o pelouro da Segurança, referindo que o despacho da distribuição de pelouros deverá ser conhecido “esta tarde ou amanhã” [quarta-feira], mas sublinhando que “a responsabilidade total” é do líder do executivo. “Os vereadores estão aqui para ajudar a que essa delegação de poderes no presidente seja feita e que esses projetos avancem”, disse.
Moedas distribui pelouros. Mobilidade deve ficar com o PSD, Finanças e Cultura com o CDS
Carlos Moedas quer estar “muito próximo” de todas as decisões, pelo que o Conselho Municipal de Segurança servirá para ouvir as forças policiais e tomar medidas que vão além desta matéria: “A segurança não é só a polícia, a segurança é termos também os espaços que estão bem cuidados”.
Questionado sobre a falta de recursos das polícias, o autarca referiu que “no caso da Polícia Municipal há verdadeira falta de recursos”, com a redução de pessoal nos últimos anos, uma vez que “há dois ou três anos tinha à volta quase 600 efetivos e neste momento tem 488”.
“Precisamos de ter mais efetivos, portanto é um pedido que eu faço também ao Governo central, sobretudo agora que estamos nestas discussões sobre o Orçamento, bem conhecidas, da necessidade desses efetivos ao nível das polícias para que as pessoas sintam essa segurança”, solicitou, lembrando que os recursos da Polícia Municipal vêm da PSP.
Sobre a criminalidade no Cais do Sodré, assunto que foi abordado na reunião com o comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, Paulo Pereira, o social-democrata adiantou que a resposta tem a ver com a videovigilância, “um processo que está a avançar” e que “é importantíssimo” para a PSP e para a Polícia Municipal.
Já temos 216 câmaras dessa videoproteção que vão ser instaladas, é uma responsabilidade da câmara municipal”, assumiu.
O presidente classificou como “trágico” o caso de um jovem mortalmente esfaqueado no metro das Laranjeiras e ressalvou que tem havido outras situações que, em conjunto, acarretam um sentimento de insegurança dos cidadãos.
“As pessoas hoje sentem que essa violência aumentou, na maneira como estão a ser a estes atos de violência praticados, e isso como presidente da câmara preocupa-me imenso, preocupa-me pelo futuro e preocupa-me pela cidade”, expôs Carlos Moedas, comprometendo-se a trabalhar em conjunto com as forças policiais, inclusive para garantir que têm os efetivos necessários.
O autarca realçou necessidade de preparar a cidade para este período pós-pandemia, para que se mantenha o sentimento de segurança, “um dos ativos principais”, destacando a realização de eventos como a Web Summit e as Jornadas Mundiais da Juventude, que atraem muitos estrangeiros.
Relativamente à segurança rodoviária, o social-democrata apontou a importância da mobilidade suave, inclusive o uso da bicicleta, assumindo ser preciso “analisar a segurança das ciclovias”, assim como a descarbonização, através do incentivo à utilização dos transportes públicos, com a prioridade de os tornar gratuitos para os mais novos e os mais velhos.
Já os radares de velocidade, na perspetiva de Carlos Moedas, devem servir mais para prevenir os condutores: “Não é uma questão de estar a multar as pessoas, é até avisar que há um radar para as pessoas reduzirem de velocidade”.