O presidente da Altice Portugal afirmou esta sexta-feira que os serviços 5G estarão disponíveis em Portugal “quando a Anacom decidir”, porque isso depende do regulador, e manifestou “serias dúvidas que seja real” ter a tecnologia ainda em 2021.

Alexandre Fonseca falava a um grupo de jornalistas esta sexta-feira, sobre o fim do leilão 5G, que terminou na quarta-feira.

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Questionado sobre quando vai haver 5G em Portugal, o gestor foi perentório: “Quando a Anacom [Autoridade Nacional de Comunicações] decidir, quando a Anacom o permitir”.

Sobre se estamos a falar em oferta de serviços até final do ano, Alexandre Fonseca insistiu que isso “depende” do regulador. “Do nosso lado, se os direitos de utilização de frequência [DUF] fossem atribuídos hoje, nós iniciávamos o serviço hoje”, sublinhou.

A Anacom terá agora de fazer um relatório preliminar, esta sexta-feira à tarde vai haver uma reunião para discussão da atribuição das faixas de frequência, depois segue-se o relatório preliminar, um período de consulta pública, um relatório final, o início do processo de liquidação dos montantes envolvidos, o parecer final após estes pagamentos, o início do processo de construção dos direitos de utilização de frequência” e a sua disponibilização, elencou o presidente executivo da dona da Meo.

“Este é um processo maioritariamente administrativo e é um processo que depende única e exclusivamente da Anacom”, acentuou.

Ora, “se a Anacom tiver o mesmo ritmo que teve nestes 200 dias, 1.727 rondas para a atribuição das licenças, arriscamo-nos a que passemos ainda umas largas semanas, senão meses, a termos o 5G nos nossos clientes“, prosseguiu.

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Agora, “se a Anacom mudar a sua postura e acelerar esse processo, eu acredito que, falando pela Altice Portugal, mas acredito que todos os operadores presentes, pelo menos aqueles que têm interesse em investir em Portugal, estaremos prontos para começar o mais rapidamente possível”, acrescentou.

Questionado se está garantido o arranque dos serviços de quinta geração em 2022, Alexandre Fonseca afirmou: “Acredito que não chegaremos a esse ponto de não ser em 22 que vamos ter 5G em Portugal“, agora “21 tenho sérias dúvidas que seja real termos serviços 5G em Portugal”.

A dona da Meo afirma-se preparada para arrancar com os serviços de quinta geração, contando com “mais de uma centena de sites de antenas espalhadas por todo o país, em todas as capitais de distrito”, o que poderia acontecer já “amanhã” ou “hoje” se assim fosse definido pela Anacom.

“Além dos 125 milhões que investimos nas licenças, temos várias centenas de milhões de euros investidos e outros tantos por investir para garantir que as obrigações de cobertura que nos foram impostas pelo regulador neste concurso – considerando que são injustas desproporcionadas e descabidas, e basta comparar com outros países europeus – […] serão com certeza concretizadas e vamos respeitá-as e isso implica um investimento de várias centenas de milhões de euros que a Altice Portugal irá continuar a fazer”, garantiu.

“Agora, o alerta que eu já deixei reforço esta sexta-feira aqui: enquanto este ambiente de hostilidade regulatória, de um ataque cerrado pela parte do regulador ao setor continuar será claramente um ponto para instabilidade e imprevisibilidade no setor das telecomunicações e esta instabilidade e imprevisibilidade são os dois critérios que mais afastam o investimento, que mais destroem valor e que mais ameaçam o emprego”, rematou Alexandre Fonseca.