As manifestações e intervenções da sociedade civil em Glasgow vão ser “importantes” para manter a pressão sobre os políticos que participam na cimeira do clima das Nações Unidas em Glasgow, afirmou um porta-voz da Coligação COP26.
“A Conferência é obviamente uma reunião de governos, mas nós desempenhamos um papel muito importante. Somos não apenas os olhos, ouvidos e vozes dos cidadãos de todo o mundo, mas ajudamos a amplificar a realidade daqueles que enfrentam o impacto da crise climática”, disse à agência Lusa o porta-voz da coligação, Asad Rehman.
Esta aliança de cerca de 100 organizações não-governamentais, grupos de jovens e sindicatos está a organizar uma conferência alternativa, a chamada a que chamou “Cimeira das Pessoas“, a partir de 7 de novembro, com dezenas de debates, workshops e eventos paralelos à 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), que decorrerá entre 31 de outubro e 12 de novembro.
Antes, em 5 de novembro, milhares de jovens deverão sair às ruas para um grande protesto da Greve Climática estudantil realizada regularmente às sextas-feiras iniciada pela ativista sueca Greta Thunberg, a qual pretende deslocar-se à cidade escocesa.
A principal manifestação está prevista para sábado, 6 de novembro, designado como Dia Mundial pela Justiça Climática, uma marcha pela cidade de Glasgow na qual se esperam mais de 100.000 pessoas.
O grupo Extinction Rebellion também prometeu apoiar “ações disruptivas” durante a COP26 em Glasgow, à semelhança das ocupações de estradas e espaços públicos realizadas desde 2019.
Asad Rehman diz que é preciso “fazer pressão” sobre os políticos para agirem, e isso significa galvanizar a população, no Reino Unido e mundialmente.
Embora os políticos falem de forma firme sobre o clima, as políticas e ações que estão a apresentar obviamente ainda estão longe do que é necessário. A importância das mudanças climáticas na comunicação social, o facto de que os políticos agora terem que, pelo menos de forma retórica, falar sobre as alterações climáticas são uma consequência das ações de milhões de cidadãos comuns”, reivindica.
Mais de 120 líderes políticos, e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos, reúnem-se, entre 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na COP26 para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre cinco anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e dois graus celsius (ºC) acima dos valores da época pré-industrial.
Cimeira do clima decisiva para resolver o que ainda falta para cumprir Acordo de Paris
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.