A greve dos trabalhadores das IPSS e Misericórdias nos Açores, que ocorreu na quinta e sexta-feira na região, foi “a maior de sempre” no setor, abrangendo cerca de 2.600 de um total de 3.900 trabalhadores, revelou esta sexta-feira fonte sindical.

“Em jeito de balanço, o SINTAP tem a registar e a divulgar a grande participação e adesão dos trabalhadores do setor a esta greve, visível na forma como ela afetou, quinta e sexta-feira, o normal funcionamento de creches e jardins de infância, levando mesmo ao encerramento de muitos destes equipamentos sociais”, sublinhou Luís Armas, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e Entidades com Fins Públicos (SINTAP), em conferência de imprensa, na cidade da Horta.

Segundo aquele dirigente sindical, esta paralisação, que afetou também o funcionamento normal dos lares de idosos em várias ilhas, já teve como consequência um pedido para que sejam retomadas as negociações por parte da União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores (URIPSSA), com vista ao desejado aumento salarial daqueles trabalhadores.

“Face à mobilização maciça dos trabalhadores das IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social]/Misericórdias à greve, nunca antes verificada, o SINTAP reivindica e espera agora que a URMA (União Regional das Misericórdias dos Açores) e a URIPSSA apresentem contrapropostas concretas que permitam a retoma imediata, consequente e bem-sucedida do respetivo processo de negociação coletiva”, insistiu Luís Armas.

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Para aquele dirigente sindical, a adesão verificada por estes trabalhadores à greve de dois dias, demonstra “o seu descontentamento” pela “degradação progressiva” das suas condições de trabalho e pela redução gradual do seu poder de compra e das suas remunerações, na sequência de quase dez anos de congelamento de salários.

 Esta paralisação demonstra também a vontade destes trabalhadores em reivindicar e lutar pelos seus direitos, pela negociação coletiva, pela atualização anual dos salários, e pela valorização profissional e remuneratória das suas carreiras”, realçou o SINTAP/Açores.

Apesar da “enorme satisfação” pela percentagem de adesão à greve dos trabalhadores das IPSS/Misericórdias, que segundo o sindicato, deverá ter rondado os 70%, o SINTAP lamenta, uma vez mais, que algumas instituições tenham recorrido a trabalhadores que se encontram em programas ocupacionais, para suprimir as falhas provocadas pelos trabalhadores em greve.

“O SINTAP lamenta e repudia, uma vez mais, a forma como algumas instituições usaram e abusaram do recurso aos trabalhadores em programas ocupacionais, para substituírem trabalhadores em greve”, sublinhou Luís Armas, lembrando que esta é uma prática “ilegal”.

O dirigente do SINTAP/Açores lamenta, por outro lado, os “incómodos e inconvenientes” causados aos utentes por esta paralisação de dois dias dos trabalhadores das IPSS/Misericórdias, apelando à sua “compreensão e solidariedade” em torno das “razões mais que justas” na luta por melhores condições de trabalho.

Apesar de tudo, o SINTAP/Açores mantém o pré-aviso de greve para um segundo período de paralisação, marcado para 02 e 03 de dezembro, até que os patrões manifestem disponibilidade em reabrir o processo negocial.