A petrolífera estatal Petrobras, maior empresa brasileira e que tem sido questionada pelos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis que lhe garante altos lucros, alegou esta sexta-feira que grande parte dos seus ganhos é distribuída à sociedade.

“A maior contribuição que a empresa dá à sociedade é o pagamento de impostos e dividendos. E foi isso que fizemos. Devolvemos o lucro mediante a distribuição de dividendos, inclusive ao Estado, que é o acionista maioritário”, disse o presidente da petrolífera, Joaquim Silva e Luna, em conferência de imprensa.

O presidente da companhia, que tem ações negociadas em bolsa, mas cujo controlador é o Estado, esclareceu que a Petrobras está proibida por lei de executar políticas públicas voltadas para a sociedade e que o Governo, que recebe a maior parte dos lucros distribuídos pela empresa, é quem decide como usá-los.

Silva e Luna, general da reserva do Exército, respondeu assim às críticas feitas pelo próprio Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no sentido de que a Petrobras não poderia continuar a ser uma empresa focada apenas em aumentar os seus lucros sem ter uma preocupação social.

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Bolsonaro diz ter vontade de privatizar Petrobras e sugere que população poupe combustível

Bolsonaro, em declarações recentes, afirmou que a petrolífera só lhe dava “dores de cabeça”, sugeriu novamente a possibilidade de privatizar a companhia, reclamou dos aumentos dos preços dos combustíveis no Brasil, que já superam os 40% este ano, e afirmou que os recordes de produção e lucro da empresa só beneficiam os seus acionistas.

Em resposta, Silva e Luna relembrou que o Estado não só é o principal acionista da empresa, razão pela qual recebe a maior parte dos dividendos, como também é o principal beneficiário da condição da petrolífera como maior contribuinte de impostos.

A empresa informou na quinta-feira que, graças aos elevados preços do petróleo e às vendas recorde de combustíveis no país, acumulou um lucro líquido de 75.164 milhões de reais (11,51 mil milhões de euros) nos primeiros nove meses do ano, revertendo as perdas de 52.782 milhões de reais (8,09 mil milhões de euros) que sofreu no mesmo período de 2020.

Informou também que os resultados positivos alcançados este ano permitiram aprovar o pagamento de um novo adiantamento aos acionistas, de 31.800 milhões de reais (4,87 mil milhões de euros), praticamente o mesmo valor dos dividendos que distribuiu em agosto, e do qual o Estado ficou com quase um terço.

Silva e Luna insistiu que a empresa não procura “lucro por lucro” e que o seu objetivo é dividir os ganhos com os acionistas e com a sociedade através do que devolve em impostos, dividendos e investimentos.

Disse ainda que os preços do petróleo aumentaram em todo o mundo e que a empresa tem de os subir no Brasil para cumprir a lei, porque a legislação brasileira estabelece que o preço interno deve seguir o preço internacional para manter a competitividade da empresa, atrair novos investimentos e evitar o desabastecimento.

“A Petrobras não controla o preço. As leis brasileiras estabelecem como a Petrobras tem que impor o preço. Isso foi determinado pelo Congresso e não podemos agir fora da lei”, disse.

O general acrescentou que a empresa tem, sim, uma função social, que se traduz em cerca de 120 projetos para beneficiar cerca de 170 comunidades, e que não é insensível aos problemas das famílias mais carenciadas.

“Sofremos quando temos que informar os aumentos e só o fazemos quando estamos no limite. Não revemos diariamente as oscilações do mercado internacional. Só o fazemos quando já não podemos mais evitar o reajuste”, argumentou.

Recentemente, criámos um novo programa para subsidiar famílias necessitadas, que precisam de gás para as suas cozinhas. Embora não possamos fazer políticas públicas, temos uma preocupação social e uma ação social”, acrescentou Silva e Luna.