Papel em branco no registo atulhado de móveis datados e funcionários com a mesma idade e simpatia para não destoar, e lá de trás grave ecoa um

– Eurico

pum, carimbo tonitruante na folha que passou a atestar nome e filiação, que pais incógnitos só na posteridade e os que vamos fazendo pelo caminho, numa juventude abrilhantada pelo apelido e alavancada pelo seguidismo cego, não turco, que o risco é menor e nem todos estão assim talhados

– Eurico

na folha cujo carimbo atestou, tem dias como os móveis datados ou os funcionários de cara fechada, que não mostram os dedos com medo de exporem as cáries, as suas e as do sistema que a dada altura já se confundem, em movimentos repetidos e ensaiados pelo tempo e vergados pelo carácter ou pela sua falta, cedendo

– Eurico

às vozes interiores ou outras que se levantam em registos panfletários ao sabor dos móveis que contam dias, incomodados pelo vento e outras vozes na fila que gritam, de quando a quando, pela sua vez, como aquela que

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emprestava o cunho do mais comum apelido, juntando-o a um instrumento musical após o nome próprio de um guerreiro cartaginês, séculos antes de Cristo descer à terra, se é que se desce e não se sobe como os elevadores ao sabor dos ditames dos dedos e das vontades de cada um, que isto dos movimentos

– Eurico

tem muito que se lhe diga, como o estalar do verniz dos móveis dia após dia, sendo assim que se sabe que o tempo passa, bem como pela faladura dos que parecem ressuscitar, como se isso fosse pecado e quem ressuscita só possa servir para redenções católicas ou mêmes com bolo rei, numa incómoda prelecção que ecoa as vozes de todos menos do

– Eurico

e do séquito que o segue e a outros que também viram o seu nome carimbado numa folha em cima dos móveis que rangiam que apenas lhes atestou identidade mas não competência nem os ungiu de impunidade,

brilhante,

– Eurico

que se fez ouvir há dias, enojado com o discurso e afronta, fez-se em peito, dentes de fora e garras afiadas em ataque feérico de defesa do chefe, da democracia, da sua sobrevivência, o iluminado

– Eurico

que considera ofensivas a si e aos cinquenta anos de militância que carrega, ele ou outros, atestados em papel com carimbo de funcionário, o desmemoriado

– Eurico

que não lembra os cornos do Pinho na casa da democracia, o médio do Pinto de Sousa, ainda que tivesse cinco em cada mão, os tweets do Magalhães, desconsidera o

– Eurico

os queques que guincham no apodo do chefe, como se isso representasse o pináculo do debate ou a liberdade musculada do combate democrático, e aos chefes ou a alguns deles tudo pareça ser permitido e louvável, esquecendo

– Eurico

os filhos da puta e os puta que te pariu do João de dedo engatilhado em resposta a quem não gosta e que não deve ter sido assim registado, nem mesmo pelos funcionários de cara avessa e sorriso só em dias de fim de semana e depois do expediente, nem consta que morem no caralho, ou perto, independentemente do que diga o João, que isso deve ser terra sem placa de chão a atestar o lugar e que não vem no mapa de estradas,

– Eurico

que chegou a ministro apesar dos registos e lá se manteve apesar das mentiras, dos abusos e dos telefonemas que foram não foram, atendidos ou devolvidos, não se sabe bem e daqueles que se fecharam em grupo nas casas de banho para escapar às fúrias e se foram desmultiplicando em chamadas cuja cronologia nunca se acertou, que a memória

– Eurico

não cabe em folhas de papel de carimbo vermelho ou rosa ou a preceito, como a verdade não pode ser a que nos convém, a preceito como quem substitui o arroz de tomate dos jaquinzinhos por um de grelos, só porque sim, nas tardes dos dias me que os móveis estalam a contar o tempo que assim se mede e o

– estou-me a cagar

vale cargos de monta sem sindicância de perfil ou dignidade

– Eurico

onde as guerras privadas têm um custo inaceitável para os outros e a perpetuação do erro nos toca a todos na pele, numa valsa lenta do estertor cada vez mais audível, por todos, mesmo por aqueles que não comem bolo rei. Não vale tudo

– Eurico

e, na propalada democracia, na minha, na nossa que não a tua seguramente, até os mortos e ressuscitados têm direito a falar, às vezes, tão assertivos como os móveis que rangem nas conservatórias que registam

– Eurico

outros tantos filhos da puta, do João ou de outros a quem a paternidade deve ser creditada. É que há ecos que doem, é certo, como os joanetes ou a ciática a que não escapamos, por idade ou condição, e que sentimos lancinante

E quando o funcionário de cara à banda nos pergunta se já escolhemos como prantelhar

– há dias!

e então como será?

– Eurico

brilhante

e com carimbo na folha a atestar as amnésias e conveniências, que o carácter não consta de certidões… nalguns casos, nem nas de óbito!