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Covid-19 desapareceria se toda a gente fosse vacinada e usasse máscara durante um mês, diz epidemiologista da John Hopkins

Este artigo tem mais de 3 anos

Epidemiologista da John Hopkins afirmou que os anti-vacinas contra a Covid-19 são os "condutores bêbedos de 2021". Se todos fossem vacinados e usassem máscara por um mês, a pandemia acabava.

Web Summit: Segundo dia da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa. Intervenção de Dorry Segev, Professor of Epidemiology, Johns Hopkins School of Medicine. Lisboa, 2 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
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Dorry Segev é um dos epidemiologistas mais importantes no combate à epidemia de Covid-19 nos Estados Unidos

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Dorry Segev é um dos epidemiologistas mais importantes no combate à epidemia de Covid-19 nos Estados Unidos

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Se todas as pessoas do mundo elegíveis para a vacinação contra a Covid-19 fossem inoculadas e toda a gente utilizasse máscara no contacto com terceiros durante um mês, a pandemia ficava resolvida e o vírus desaparecia.

Esta é a previsão do mais reconhecido epidemiologista da Escola de Medicina John Hopkins, Dorry Segev, que está na linha da frente da investigação científica em torno da Covid-19 nos Estados Unidos. E só encontra um culpado para este cenário não se concretizar: os “condutores bêbedos de 2021”. “Se uma pessoa conduzir bêbeda dentro da própria propriedade, não quero saber. Mas se o fizer fora dela, já me diz respeito porque é ilegal e põe toda a gente em perigo. É o mesmo com quem não se quer vacinar”.

Na intervenção que protagonizou no palco Q&A da Web Summit esta terça-feira, em que respondeu às perguntas do público durante 30 minutos, o especialista partilhou que, nas condições atuais, acha improvável a possibilidade de erradicar a doença provocada pelo coronavírus: ela vai tornar-se endémica, vão surgir novas variantes e terá de haver inevitavelmente um reforço vacinal. Sem ele, aumenta a probabilidade de aparecerem linhagens mais perigosas que a variante delta.

Em Portugal, o país mais vacinado do mundo (um facto que motivou um pedido de aplausos por parte do epidemiologista), a terceira dose já está a ser administrada às faixas etárias mais avançadas. Mas Dorry Segev vai mais longe e admite que a medida deve ser expandida à totalidade da população. O debate, a seu ver, está apenas em descobrir de quanto em quanto tempo é que o reforço terá de ser administrado.

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O epidemiologista aposta numa revacinação anual da população, em paralelo com a vacinação contra a gripe, mas “não ficaria surpreendido” se ela tivesse de ocorrer de seis em seis meses. É que os dados mais recentes demonstram que a quantidade de anticorpos em circulação baixa ao mínimo detetável ao fim desse tempo.

No entanto, o melhor cenário seria aquele em que cada pessoa era monitorizada com análises clínicas específicas para descobrir quanto tempo demora até os anticorpos em circulação deixarem de ser detetáveis. Dorry Segev sugere assim uma “medicina personalizada”, em que algumas pessoas eram revacinadas a cada quatro meses e outras a cada oito meses, por exemplo, de acordo com as suas necessidades.

Web Summit: Segundo dia da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa. Intervenção de Dorry Segev, Professor of Epidemiology, Johns Hopkins School of Medicine. Lisboa, 2 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Dorry Segev respondeu a perguntas do público durante 30 minutos

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Dorry Segev defende vacina obrigatória: “Funciona mesmo”

Para motivar o aumento da cobertura vacinal em países com maiores dificuldades em inocular a população, Dorry Segev defendeu duas estratégias: a primeira é “dar hipóteses de escolha” às pessoas; e a segunda é tornar a vacinação obrigatória em algumas profissões.

Quanto à primeira estratégia, Dorry Segev diz que toda a gente deve escolher pelo menos duas de três medidas: ser vacinado, utilizar máscara e realizar testes para a presença do SARS-CoV-2 regularmente.“Basta que as pessoas cumpram escrupulosamente duas delas para diminuir drasticamente a possibilidade de infetar e serem infetadas”, resumiu o especialista. Se não quiserem cumprir nenhuma delas, “fiquem em casa”.

Sobre a segunda estratégia, o epidemiologista repete que a obrigação na toma da vacina “funciona mesmo” — só tem de se ter cuidado a escolher os grupos populacionais abrangidos por essa regra, sob pena de criar animosidade contra a vacina. “Há absoluta justificação em obrigar um profissional de saúde, mais exposto ao vírus, a tomar a vacina porque há evidencias fortes de que se põe a si e aos outros em risco”, exemplificou.

“Politizámos a saúde pública”, condenou epidemiologista da John Hopkins

Questionado sobre o motivo que sustenta os movimentos anti-vacina no contexto desta pandemia, Dorry Segev admite que “fizemos uma coisa errada”: “Politizámos a saúde pública”, considerou. “Com tanta animosidade e mensagens duvidosas, criámos um movimento zangado e forte que dá tudo para ir contra as medidas de saúde pública”.

Dorry Segev, que é também um dos mais importantes peritos em transplantação (nomeadamente em contextos mais críticos como em doentes infetados com o vírus da sida), contou o que se passa no próprio consultório, onde todos os doentes devem realizar uma bateria de análises clínicas “muito desagradáveis” e garantir a toma de 15 vacinas obrigatórias antes sequer de serem elegíveis para transplante.

Mas “quando se adicionou a vacina contra a Covid-19 à lista, houve muita gente a fazer barulho” — algo que nunca tinha acontecido com qualquer outro exame ou vacina. Nesse caso, não há volta a dar: sem a toma da vacina, o médico considera que não pode, em boa consciência, entregar um órgão a alguém que, se for infetado com o SARS-CoV-2, tem 10% de probabilidade de morrer.

Dorry Segev vai voltar a participar na Web Summit esta quarta-feira para outras duas conferências: uma no palco HealthConf sobre “as implicações das políticas pandémicas, liberdade pessoas, máscaras, obrigações e desinformação”; e outra no palco principal, onde debaterá “onde está o limite entre a liberdade pessoal e a responsabilidade pública”. 

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