“Que bom é voltar a estar aqui convosco”. Brad Smith, o presidente da Microsoft e responsável pelo setor jurídico da empresa, não é estranho à Web Summit. Da mesma maneira que Ivete Sangalo vai ao Rock in Rio, o jurista da gigante tecnológica norte-americana não tem perdido uma destas conferência. Desta vez, subiu ao palco para dar uma aula sobre como reduzir as emissões de carbono da atmosfera. Quais as principais lições? “Vai ser preciso voltar à escola” e arranjar “tecnologia que ainda não existe”.

“É importante olhar para o clima”, começou por afirmar o executivo de topo da Microsoft. Contudo, é necessário que as empresas passem de “fazer promessas de carbono zero” para começarem a reduzir as emissões más para o planeta. Com esta esta premissa, Smith levou a plateia “de novo à escola” — onde teremos de “ir mais vezes”, se quisermos salvar o clima — e afirmou que “não basta fazer a matemática de carbono”, é também necessário fazer a contabilidade do carbono”.

A ideia que Smith apresentou não é nova. Em palavras simples, como explicou, é necessário que as empresas comecem por perceber realmente quanto carbono emitem para a atmosfera — “não se pode gerir algo se não se puder medir isso” — antes de tomarem medidas para reduzir as emissões. “Há sempre dois lados da folha de cálculo”, continuou, argumentando que “muitas vezes as empresas dizem que chegam ao net zero [emissões de carbono zero] porque pagaram a pessoas para não cortar árvores”, e não a reduzir realmente o impacto que têm no planeta.

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“Não vamos resolver o problema ao fazer nada”, acusou o presidente da Microsoft. Depois, apresentou a solução: “Tirar carbono da atmosfera”. Para isso, é necessária “tecnologia que ainda não existe”, mas que já começou a ser pensada. Exemplos disso serão: “combustíveis de aviação sustentáveis” ou “dispositivos de captação de carbono”, diz. Sobre os últimos, Smith afirmou que a Microsoft já tem incentivado para que algumas empresas lancem máquinas que captem o dióxido de carbono do ar mais eficientemente. Contudo, é preciso um esforço maior.

“Nunca se sabe onde é que o futuro nos vai levar”, assumiu o presidente da tecnológica, mas o caminho será o de criar estas “novas indústrias” que ajudem o ambiente a chegar às tais emissões de “carbono zero” que contem com verdadeira “contabilidade” e não apenas com “matemática”, afirmou. “É o que o mundo precisa”, terminou por dizer Brad Smith.

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A Web Summit arrancou na segunda-feira novamente em formato presencial depois de um ano em que foi totalmente online. Até quinta-feira, passarão pelo Altice Arena e pela FIL nomes como Brad Smith, presidente da Microsoft, Tim Berners-Lee, inventor da Web. Esta quarta-feira, espera-se a presença de Marta Temido, a ministra da Saúde. No evento de abertura, estiveram presentes, além da denunciante do Facebook Frances Haugen, Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. Este ano, devido à pandemia de Covid-19, há várias restrições.