O Conselho da Europa, em parceira com a União Europeia, difundiu uma imagem pertencente a uma campanha institucional que defendia o uso do lenço islâmico: “A beleza está na diversidade, como a liberdade está no hijab“. Foi depois retirada das redes sociais para “repensar o projeto”, tendo causado uma forte polémica em França, motivando reações do governo e de vários políticos como Marine Le Pen ou Éric Zemmour.

Tendo como objetivo a luta contra a islamofobia, o Conselho da Europa decidiu publicar esta imagem para “refletir as perceções pessoais” de alguns indivíduos que participaram em dois workshops organizados em parceria com a Femyso, um fórum que agrega várias organizações de jovens muçulmanos na Europa.

Em França, país que aboliu recentemente o uso de hijab nos espaços públicos em raparigas com menos de 18 anos, esta campanha institucional esteve debaixo de fogo. A secretária de Estado para a juventude do governo francês, Sarah El Haïry, ficou “chocada” pela imagem, de acordo com a BBC, alegando que incentivava o uso do lenço islâmico, o que colidia com os valores seculares gauleses.

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Por seu turno, Marine Le Pen, candidata às próximas eleições presidenciais, considerou que esta campanha é “escandalosa e indecente”, uma vez que “milhões de mulheres lutam com coragem” contra aquilo que diz ser uma forma de “escravidão”. “É quando as mulheres retiram o véu que elas se tornam livres”, escreveu na sua conta pessoal do Twitter.

Também Eric Zemmour, candidato de extrema-direita que partilha o mesmo espetro político que Marine Le Pen, escreveu no Twitter que o uso de hijab estava a ser “financiado” pelos impostos dos europeus. E sinalizou: “O Islão é o inimigo da liberdade. Esta campanha é inimiga da verdade”.

Por sua vez, a presidente da Femyso, Hande Taner, defendeu à BBC a campanha, referindo que os “esforços da minoria jovem” muçulmana estão a ser “atacados e minados” pelos políticos. Sublinhou ainda que a reação é “outro exemplo” de que “os direitos das muçulmanas são não-existentes” e que não são apoiados por aqueles que “dizem representar ou proteger noções como liberdade, igualdade e fraternidade”.