Olhar para a reação dos jogadores do Sporting após o primeiro golo de Inácio em Paços de Ferreira sem saber o minuto que decorria era quase puxar o filme atrás à última temporada nos encontros decididos nos descontos: punhos cerrados entre os jogadores, braços levantados para a bancada, explosão de alegria dos adeptos, uma festa dividida entre quem marca, quem assiste e quem inicia o lance. O encontro estava ainda no segundo minuto da segunda parte mas aqueles festejos mostraram da melhor forma o momento que a equipa verde e branca atravessa, o melhor desde que Rúben Amorim assumiu o comando dos leões em março de 2020 olhando apenas para os resultados. E foi assim que o Sporting fechou um ciclo “limpo”.

Por cada canto que cair, outro golo se levantará (a crónica do P. Ferreira-Sporting)

A seguir à derrota na Alemanha frente ao B. Dortmund, antes da última paragem para compromissos das seleções nacionais, o conjunto lisboeta arrancou uma série de oito vitórias consecutivas entre encontros do Campeonato, da Taça de Portugal, da Taça da Liga e da Liga dos Campeões, mantendo as ambições intactas em todas as provas e liderando a principal competição nacional a par do FC Porto igualando aquela que foi a melhor série de triunfos seguidos com o técnico. E os números de Amorim desde que chegou a Alvalade não se esgotam por aí: é preciso recuar até às décadas de 30 e 40, numa viagem de mais de 80 anos, para encontrar uma percentagem de vitórias como a do treinador português, esta época de 77,7% depois dos 76,2% da última temporada, apenas superada no clube por Joseph Szabo e Robert Kelly.

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Mas os registos de Rúben Amorim não se ficam por aí. Olhando para a parte defensiva, e depois do terceiro jogo seguido sem sofrer golos, o técnico tem a segunda melhor média de golos sofridos no clube entre os técnicos com 50 ou mais encontros pelos leões e está nesta fase dentro da melhor média de sempre num só Campeonato, com 0.36 golos consentidos por jogo (contra um recorde de 0.50 na época de 2006/07). Há 31 anos que os verde e brancos não chegavam ao final da 11.ª jornada com quatro golos sofridos.

“Entrámos muito bem na primeira parte, com muitas chegadas, mas deixámos de dividir o jogo, partiu-se o jogo, o que não era muito bom para nós. A meio da primeira parte eles tiveram algum espaço para sair em algumas jogadas nossas. Lembro-me de um atraso errado do Matheus mas mantivemos sempre o controlo do jogo. O primeiro golo foi mais uma bola parada bem trabalhada. Soubemos ter a bola, não sofremos muito no fim como em outros jogos. Uma palavra também para o Tabata, que entrou bem e acabou por ser decisivo”, começou por comentar o técnico na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

Contas feitas, o Sporting conseguiu o quarto golo na sequência de um canto este Campeonato, o dobro dos rivais diretos neste particular, e fizeram também o sexto golo de cabeça, outro registo máximo.

“Poucas alterações na equipa? As características dos jogadores batiam bem com o jogo. O TT [Tiago Tomás] não quis arriscar porque veio de lesão e estava muito frio, o Jovane acabou por entrar, o [Rúben] Vinagre não foi porque não queria mexer na linha defensiva, nada é certo com um 2-0… Mas os jogadores que entraram entraram bem. Oito vitórias seguidas antes da paragem? Obviamente que isto nos dá algum conforto mas também precisamos de descansar e mudar um bocadinho o chip. De lembrar que na última paragem vínhamos de uma derrota em Dortmund, temos de preparar isso e focar naquilo que temos de fazer. Quem tiver de jogar, joga e quem tiver de descansar, descansa”, concluiu Rúben Amorim.