A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal confirmou esta segunda-feira que existem “indícios de crime e suicídio” no caso dos dois cadáveres, de pai e filho, encontrados no domingo na serra de Grândola. “Há indícios de que se tratou de um crime de homicídio da criança pelo próprio pai, que, de seguida, se terá suicidado”, disse à agência Lusa o diretor da PJ de Setúbal, João Bugia.

Um homem de 44 anos e o filho de três, ambos de nacionalidade alemã, foram encontrados mortos numa zona de mato em Santa Margarida da Serra, a cerca de dez quilómetros de Grândola. Segundo avançam o Correio da Manhã e o Jornal de Notícias, nas respetivas edições desta segunda-feira, os corpos foram detetados este domingo por caçadores e populares. O corpo da criança estaria num carro carbonizado, enquanto que o corpo do pai foi encontrado perto da viatura com um tiro na cabeça.

A família disse, em comunicado, estar de “coração partido” e pediu privacidade para proteger a investigação policial e “lidar com as consequências deste crime indescritível”.

As autoridades suspeitam que o homem terá matado o filho, suicidando-se de seguida. Os dois estavam desaparecidos há uma semana. A mãe, de nacionalidade inglesa, e o pai do menino estavam separados desde julho, altura em que a mulher se mudou para Lisboa e levou a criança consigo. O ex-casal tinha uma relação “conturbada”, classifica fonte policial ao JN.

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O pai, que não via o filho desde o verão, deveria ter ficado com a criança no último fim de semana de outubro e levado o rapaz de volta à mãe na segunda-feira, o que não aconteceu. A progenitora acabou por dar o alerta às autoridades, que desencadearam buscas.

Os corpos acabariam por ser encontrados na Herdade da Ribeira Abaixo, numa zona com acessos difíceis, a dois quilómetros de um terreno que o casal comprou para construir uma casa, em Mosqueirão, por um grupo de caçadores e populares. Inicialmente, foi avançado que ambos os corpos tinham sido encontrados na carrinha.

Terão sido os cães dos caçadores que passavam na zona a detetar os dois corpos, tendo o grupo alertado as autoridades. A GNR enviou meios para o local e alertou a Polícia Judiciária. Na tarde deste domingo foram feitas diligências no local e os corpos foram retirados já ao final a tarde.

O casal vivia na região há alguns anos e a criança terá nascido já em Portugal. A PJ prossegue a investigação enquanto aguarda pelos resultados da autópsia aos dois cadáveres, que poderá ajudar a esclarecer as circunstâncias em que ocorreram as duas mortes.

Pai da criança era um conhecido designer alemão, mãe era estilista

O Jornal de Notícias escreve que o pai, de nacionalidade alemã, era um famoso designer e arquiteto, Clemens Weisshaar, de 44 anos, nascido em Munique. Clemens, que trabalhou com nomes como Rem Koolhaas (o arquiteto que projeto a Casa da Música, no Porto), tinha uma firma com escritórios em Munique, Alemanha, e Estocolmo, Suécia. Estudou em Saint Martins College of Art and Design e no Royal College of Art, em Londres.

O alemão era conhecido na zona. Ao Correio da Manhã, o dono de uma taberna em Mosqueirões diz que era “facil falar com ele, estava sempre bem-disposto”. O que se pensava na localidade, refere, é que o homem teria ido para a Alemanha (essa pista estaria a ser seguida pela polícia).

Já a mãe do menino será Phoebe Arnold, uma conhecida estilista britânica que trabalha com nomes como a cantora Paloma Faith e que cofundadou a revista Ponystep antes de trabalhar como diretora de moda em revistas como a Elle e a Garage.

Segundo apurou o Observador, as operações ainda estavam, pelas 18h00, a decorrer no local onde pai e filho foram encontrados. No local estiveram a Polícia Judiciária, os bombeiros e a GNR.

A Lusa também noticia a descoberta de dois cadáveres na zona de Grândola e refere que a GNR contactou a PJ por existirem “indícios de crime”. Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal adiantou apenas que, às 16h22, foi dado o alerta para o transporte de dois cadáveres, mas não deu mais detalhes à Lusa.