O aumento dos custos da energia já está a ter impacto nas farinhas e pão, disse esta terça-feira à Lusa o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que assegura que não há sinal para alarme.
Gonçalo Lobo Xavier falava à Lusa no final da XXI Conferência Executive Digest, subordinada ao tema “Desafios e Oportunidades na Economia pós-covid”, que decorreu no Museu do Oriente, em Lisboa.
“Em primeiro lugar, este fenómeno (…) é algo que está a acontecer à escala global e do ponto de vista dos custos de energia, de energia elétrica, do gás natural e da manutenção da carga fiscal que impede a descida do valor de venda dos combustíveis fósseis é algo que não é controlável propriamente pelos governos e tem de ser alvo de uma política, porventura, europeia mais concertada e que vai demorar ainda algum tempo a equilibrar-se”, considerou o diretor-geral da APED.
É evidente que tudo isto vai impactar toda a cadeia de valor, portanto, se os custos de energia vão impactar a produção, vão impactar a indústria, vão naturalmente impactar os custos de transporte e, no final do dia, vão trazer acréscimos de aumentos de preços na distribuição no produto final”, prosseguiu.
Relativamente ao impacto, “nós já estamos a sentir nalguns produtos e é público, os produtos ligados às farinhas, ao trigo, ao pão, são produtos que já estão a ser alvo de uma revisão de preço em alta”, salientou Gonçalo Lobo Xavier.
No entanto, o setor da distribuição está a fazer “todos os esforços” para continuar a ser “muito eficiente” do ponto de vista da logística e do transporte, “para que isso se sinta cada vez menos ou menos possível no consumidor final”.
Apesar disso, “é impossível prever quando é que estes aumentos vão se sentir mais ou quando é que vão parar”, salientou.
“Se acrescentarmos a isso o facto de estarmos num período macroeconómico com uma inflação crescente, é muito natural que os preços venham a aumentar genericamente”, apontou.
“Mas estamos a trabalhar para mitigar e para que o consumidor não sinta tanto, embora como disse, toda a cadeia de valor está a ser impactada, será difícil não transferir este aumentos de custo para o preço de venda final”, referiu o diretor-geral da APED.
Do ponto de vista da distribuição, “olhamos ainda para os meses de novembro e dezembro com relativo otimismo e com uma serenidade de quem procurou fazer atempadamente as suas compras de produtos que vêm de outras geografias”, referiu, garantindo que, “do ponto de vista alimentar”, não haverá problemas nas prateleiras.
Já do ponto de vista do retalho especializado, “estamos a sentir algumas dificuldades em alguns produtos”, como por exemplo a eletrónica, alguns brinquedos, mobiliário e desporto, acrescentou.
“Não sendo todos estes produtos importados de outras geografias, têm componentes que são de outras geografias e isso tem consequências no atraso” das entregas, explicou.
Apesar disso, “não há um sinal de alarme, não vão faltar produtos”, asseverou Gonçalo Lobo Xavier.
“O que vão faltar é alguns segmentos de produtos nalgumas áreas, mas nada que seja absolutamente dramático”, rematou.