Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, garantiu esta segunda-feira à Rádio Observador que os negócios que deteve na área agrícola respeitaram as boas práticas ambientais e que não colidem com os valores que defende o partido. Acusa ainda Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), de “profunda hipocrisia” e de não apoiar “os pequenos produtores”.
“É curioso que sempre criticaram o PAN de não termos conhecimento do mundo rural”, começa por dizer Inês Sousa Real, sendo que agora Luís Mira pede a demissão de uma das “poucas representantes políticas que conhece o mundo rural”. “Ao fim destes anos, por uma questão de eleitoralismo ou de oportunismo, não permito que mexam com o meu trabalho político e pessoal”, afirmou a deputada, que assegura: “Não fiz nada de errado”.
A porta-voz do partido aproveitou para criticar o secretário-geral da CAP de não conseguir distinguir uma pequena de uma grande exploração. “Convido esse senhor a pôr-se nos sapatos dos pequenos produtores. Estes ataques pessoais só denotam um profundo desconhecimento”, atira, acrescentando que é de “má-fé” levar a cabo “este tipo de afronta” de forma “leviana”. “O PAN mexe com muitos interesses”, salienta.
Em reação ao pedido de demissão do secretário-geral da CAP no jornal inevitável, Inês Sousa Real respondeu na mesma moeda, considerando que devia ser Luís Mira quem se devia demitir, acusando-o ainda de privilegiar os grandes produtores. “Não aceito lições de moral desse senhor, quer a nível político, quer a nível na minha experiência dentro da área da agricultura.”
A deputada explicou que cessou a sua participação num negócio — estando à espera também de sair doutra empresa —, e que não conseguiu conciliar a sua atividade empresarial com a política. “Só este ano exerci funções públicas, tive toda uma vida antes de ser eleita e, como todos os cidadãos, tenho direito a ter negócios.”
Questionada sobre a dimensão dos negócios, Inês Sousa Real disse que tinha duas explorações no Montijo, ambas de pequena dimensão. Uma delas destinava-se apenas ao cultivo de framboesa, enquanto na outra predominava a produção de mirtilos.
“Fazemos testes recorrentemente ao solo, à água, cumprindo com as certificações ambientais nacionais e internacionais”, destacou a porta-voz do PAN, que também decidiu assegurar que nunca teve estufas, mas antes túneis, que “são multimateriais”, têm “arcos de ferro” — e “apenas têm plástico na cobertura”, tendo por isso um “impacto muito menor” no ambiente.
“Temos de olhar para a dimensão. Para além de ser em pequena escala, não são 20 a 30 hectares com um mar de estufa, como há na Costa Vicentina”, apontou Inês Sousa Real.