A China reduziu as relações diplomáticas com a Lituânia ao nível de “encarregado de negócios”, em protesto contra a abertura de uma representação de Taiwan em Vilnius, anunciou este domingo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“O Governo chinês foi forçado a reduzir as relações diplomáticas entre os dois países (…) para salvaguardar a soberania e as normas fundamentais das relações internacionais”, indicou o Ministério, em comunicado.

A Lituânia mantém relações diplomáticas com a China desde 1991, pouco depois de se ter tornado independente da antiga União Soviética. Apesar de não reconhecer oficialmente a ilha, Vilnius tem estreitado, nos últimos anos, o relacionamento com Taipé.

Pequim instou o país báltico a “retificar imediatamente os seus erros” e advertiu Vilnius de que “não deve subestimar a determinação do povo chinês na defesa da sua soberania”.

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O Governo chinês acusou as autoridades lituanas de “ignorarem as declarações chinesas” e de “não estarem conscientes das consequências” da decisão de autorizar a abertura de um gabinete de representação de Taiwan [Taiwan Representative Office], o que “mina seriamente a soberania e a integridade territorial da China”, de acordo com o mesmo comunicado.

As autoridades de Taiwan indicaram que a representação em Vilnius visa “expandir as relações com a Europa Central e Oriental, especialmente com os países bálticos, e reforçar a cooperação e o intercâmbio em vários domínios”.

Por seu lado, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Mantas Adomenas, também anunciou a abertura em Taiwan de uma representação da Lituânia, ainda antes do início do próximo ano.

No ano passado, políticos e figuras públicas lituanos enviaram uma carta assinada ao Presidente lituano, Gitanas Nauseda, em que pediam que o país báltico apoiasse a independência de Taiwan e a admissão na Assembleia Mundial da Saúde.

Taiwan, para onde o exército nacionalista chinês fugiu após a derrota contra as tropas comunistas na guerra civil, em 1949, tem um governo autónomo desde então, embora a China considere a ilha uma província e defenda a reunificação.

Taipé mantém atualmente relações diplomáticas com Guatemala, Honduras, Vaticano, Haiti, Paraguai, Nicarágua, Suazilândia, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.

Lituânia lamenta a decisão

A Lituânia já reagiu, tendo afirmado este domingo lamentar a decisão da China de limitar as relações diplomáticas com Vilnius, na sequência da abertura de um gabinete de representação de Taiwan na cidade.

“A Lituânia reafirma a adesão à política ‘Uma China’, mas ao mesmo tempo tem o direito de alargar a cooperação com Taiwan”, incluindo através do estabelecimento de missões não diplomáticas, indicou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros lituano.