Os trabalhadores de filiais de empresas estrangeiras em Portugal ganharam em 2020, em média, mais 39,9% do que os das sociedades nacionais, atingindo 1.414 euros, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta quinta-feira.

No mesmo período, a produtividade aparente do trabalho (medida pelo valor acrescentado bruto gerado por cada unidade de pessoal ao serviço) foi superior em 73,1% à observada nas sociedades nacionais, atingindo 42.225 euros.

Em 2020, existiam 9.101 filiais de empresas estrangeiras em Portugal (+1,6% face a 2019), correspondendo a 2% do total das sociedades não financeiras.

As filiais estrangeiras empregavam em 2020 cerca de 571 mil pessoas, representando 17,8% do total de trabalhadores das sociedades não financeiras. Em termos médios, cada filial empregava 63 pessoas em 2020, valor muito superior ao das sociedades nacionais (6 pessoas).

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Entre 2010 e 2020, as filiais estrangeiras registaram, em média, uma produtividade aparente do trabalho superior em 18,2 mil euros à média das sociedades nacionais, sendo a remuneração média mensal sempre superior nas filiais estrangeiras, em média mais 395 euros do que nas sociedades nacionais.

Por dimensão, a diferença entre empresas nacionais e sucursais estrangeiras é ainda mais significativa, segundo os dados do INE, atingindo 47.941 euros e 2.146 euros, respetivamente, superior em 195% e 163,8% à das sociedades nacionais.

O INE ressalva estes indicadores estão mais próximos quando se comparam filiais estrangeiras e sociedades nacionais de grande dimensão (+15,6% e +7,6%, respetivamente, nas filiais face às sociedades nacionais).

O peso das filiais de empresas estrangeiras no valor acrescentado bruto (VAB) passou de 21,9% em 2010 para 27,9% em 2020, registando-se aumentos de 0,9 pontos percentuais nos dois últimos anos.

O volume de negócios das filiais estrangeiras, que representava 24,1% em 2010, atingiu 28,2% em 2020, verificando-se situação semelhante em relação ao pessoal ao serviço, que representava 13,7% em 2010 e passou para 17,8% em 2020, segundo o instituto.

Em 2020, em plena pandemia de Covid-19, o VAB das filiais estrangeiras em Portugal diminuiu 7,3% (+13,8% em 2019), correspondendo em termos nominais a um total de 24 mil milhões de euros, enquanto o VAB das sociedades nacionais decresceu 11,5% (+3,6% em 2019).

Mais de 73% do VAB gerado pelas filiais estrangeiras era relativo a sociedades detidas por entidades sediadas em países da União Europeia.

As filiais de grande dimensão (514 sociedades) foram responsáveis por 64,1% do total do VAB das filiais estrangeiras, correspondendo em termos nominais a 15,5 mil milhões de euros.

O VAB das sociedades com perfil exportador (43,8% do VAB das filiais estrangeiras) decresceu 1,6% em 2020 (-11,3% nas filiais sem perfil exportador), segundo os dados do INE.

As exportações de bens das filiais de empresas estrangeiras diminuíram de forma mais acentuada que as das sociedades nacionais em 2020 face ao ano anterior (-12,8% face a -8,5%).