789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Nada disto foi um jogo de futebol (a crónica de um Belenenses SAD-Benfica que não devia ter acontecido)

Este artigo tem mais de 2 anos

Algo que começou torto nunca se chegou a endireitar: Belenenses SAD começou com 9, voltou para a segunda parte com 7 e acabou o jogo ao ficar com 6. Foi goleado pelo Benfica — mas nada disso importa.

Belenenses SAD v SL Benfica - Liga Portugal Bwin
i

O Belenenses SAD começou o jogo com apenas nove elementos

Getty Images

O Belenenses SAD começou o jogo com apenas nove elementos

Getty Images

O cenário, no momento em que o jogo começou, foi surreal: do lado do Benfica, os habituais 11 jogadores; do lado do Belenenses SAD, nove jogadores. O alargado surto de Covid-19 que está a afetar os azuis causou 17 casos positivos já conhecidos, incluindo 14 jogadores e o treinador Filipe Cândido, mas não evitou a realização de algo que foi tudo menos um jogo de futebol. 

O Belenenses SAD não pediu para adiar o jogo, o Benfica nunca quis adiar o jogo para não complicar ainda mais o complexo calendário que se avizinha e a Liga não tomou a decisão unilateral de adiar o jogo. Os azuis entraram em campo com apenas nove jogadores, sendo que dois eram guarda-redes, e com um único elemento da equipa principal: Diogo Calila, autorizado a jogar por estado infetado com Covid-19 há menos de 180 dias. No banco de suplentes, não estava nenhum treinador — Filipe Cândido e todos os adjuntos testaram positivo, o técnico dos Sub-23 está nas mesmas condições e foi Rui Pedro Soares, o presidente do Belenenses SAD, a marcar presença na linha técnica.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Belenenses SAD-Benfica, 

12.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Nacional do Jamor, em Oeiras

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Belenenses SAD: João Monteiro, Álvaro Ramalho, Diogo Calila, Rafa, Henrique Pires, Boni Trova, André Lopes, António Montez, Kau

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Otamendi, Vertonghen, Lázaro, Weigl, João Mário, Grimaldo, Rafa, Darwin, Seferovic

Suplentes: Helton Leite, Gilberto, Gil Dias, Morato, Everton, Pizzi, Taarabt, Yaremchuk, Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Kau (ag, 1′), Seferovic (14′ e 39′, gp), Weigl (27′), Darwin (32′, 34′ e 45′)

Ação disciplinar: 

De forma quase irónica, os acontecimentos inesperados das últimas horas antes do apito inicial acabaram por dar um significado superior à antevisão de Jorge Jesus. “É o regresso ao Campeonato português e vamos defrontar um adversário histórico. Não há jogos fáceis e aqui a história é sempre igual: o Benfica quer ganhar, o Belenenses SAD quer não perder. A equipa vem de um jogo em Barcelona em que fez uma grande exibição. Estamos muito confiantes para ganhar, que é o que nós queremos, com todo o respeito pelo adversário”, disse o treinador encarnado. Ora, não só a história não era “sempre igual” como o Belenenses SAD não se limitava a “não querer perder”. Este sábado, o Belenenses SAD só podia pensar em sobreviver.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Do lado dos encarnados, Jorge Jesus voltava a apostar em André Almeida enquanto terceiro central, deixando Morato no banco, e lançava Lázaro na ala direita. Seferovic era mesmo titular — depois do falhanço de Camp Nou e tal como o treinador havia antecipado — e fazia companhia a Darwin e Rafa no ataque, com Everton a ser suplente. Do outro lado, acabava por existir a curiosidade de um dos jogadores utilizados ser António Montez, neto de Aníbal Cavaco Silva.

A primeira parte do jogo foi tudo aquilo que dela se esperava e até um pouco mais. A Lei de Murphy pairou sobre o Jamor e fez com que tudo o que podia correr mal ao Beleneneses SAD acabasse por acontecer, com Kau a abrir o marcador com um autogolo logo nos primeiros instantes (1′). Seguiu-se uma enorme defesa de Álvaro Ramalho, que evitou o golo de Seferovic (11′), mas o avançado suíço vingou-se pouco depois e aumentou mesmo a vantagem na sequência de um transição de Rafa (14′).

Álvaro Ramalho voltou a colocar-se em evidência, negando mais um golo a Seferovic com uma defesa com o pé (17′), e Darwin viu um cabeceamento certeiro ser anulado por falta ofensiva (19′). Seguiu-se o golo de Weigl, através de um grande pontapé na meia direita (28′), dois seguidos de Darwin, que cabeceou ao segundo poste (32′) e depois finalizou mais uma arrancada de Rafa (34′), e ainda uma grande penalidade convertida por Seferovic depois de Rafa tocar a bola com a mão no interior da grande área (39′). Por fim, já mesmo em cima do intervalo, Darwin completou o hat-trick depois de um grande trabalho individual (45′).

Falar de questões táticas, técnicas ou qualitativas é para lá de injusto. O Belenenses SAD defendia com uma linha praticamente estática de cinco e só passou do meio-campo em situações esporádicas — conquistando, ainda assim, dois surpreendentes pontapés de canto. Vlachodimos era um mero espectador e o Benfica atuava por inteiro no meio-campo adversário, procurando essencialmente tirar cruzamentos para a grande área à procura de desvios e rendilhando o jogo até encontrar os inevitáveis espaços. Até ao intervalo, a equipa médica dos azuis ainda teve de entrar em campo para assistir Álvaro Ramalho e João Monteiro (que é guarda-redes e estava a atuar no meio-campo), que sofreram naturais dificuldades físicas.

No final da primeira parte, o Benfica estava a golear os nove jogadores do Belenenses SAD com sete golos e só existia uma certeza: nada do que se estava a passar no Jamor deveria estar a acontecer. Rui Pedro Soares saiu do relvado em lágrimas, sendo confortado por Rui Pedro Braz, e Jorge Jesus colocou todos os suplentes a realizar exercícios de aquecimento durante o intervalo, claramente demonstrando a intenção de renovar toda a equipa durante a segunda parte.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Belenenses SAD-Benfica:]

No teórico recomeço da segunda parte, Jorge Jesus preparou-se para lançar Morato, Gil Dias, Taarabt, Pizzi e ainda Gonçalo Ramos. Os jogadores do Benfica regressaram ao relvado mas os do Belenenses SAD permaneceram no balneário, com Manuel Mota a descer ao túnel para perceber o que se passava com a equipa da casa. O árbitro da partida voltou sozinho e, instantes depois, voltaram também apenas sete elementos do Belenenses SAD, com Diogo Calila e António Montez a ficarem no intervalo. Nos primeiros segundos da segunda parte, João Monteiro atirou a bola para fora, sentou-se no chão e disse que estava lesionado, forçando Manuel Mota a encerrar o jogo naquele momento — já que nenhuma equipa pode atuar com apenas seis jogadores. A ideia, claramente, terá sido evitar uma punição disciplinar em cenário de não comparência para a segunda parte.

Assim, sem segunda parte, acabou o jogo que não deveria sequer ter começado. O Benfica goleou o Belenenses SAD e somou mais três pontos, subindo à liderança provisória da Primeira Liga antes de Sporting e FC Porto entrarem em campo. Nada do que se passou este sábado, no Jamor, foi um jogo de futebol: e o facto de ter acontecido em novembro de 2021, mais de um ano e meio depois de todos estarmos a viver em situação pandémica, só torna a situação ainda mais grave.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora