O cantor e rapper norte-americano Drake decidiu retirar-se da corrida aos Grammys, os prémios anuais da indústria musical dos Estados Unidos da América.
Drake estava nomeado em duas categorias, “Melhor Álbum de Rap” e “Melhor Performance de Rap”, mas pediu para ser excluído das votações. O pedido foi respeitado pelos organizadores, que já retiraram Drake da lista de nomeados. Os prémios da próxima edição dos Grammys serão entregues a 31 de janeiro, em Los Angeles.
A informação está a ser avançada por várias publicações norte-americanas. A revista Variety, por exemplo, cita como fonte “um representante” da entidade organizadora dos Grammys, que junta músicos, produtores musicais, engenheiros de som e outros profissionais da indústria musical. Já a agência de notícias Associated Press cita “duas pessoas conhecedoras da decisão”, que “falaram sob condição de anonimato por não estarem autorizadas a discutir publicamente o assunto”.
Os motivos que levaram Drake a pedir para Certified Lover Boy não ser equacionado nas nomeações para Melhor Álbum de Rap e para “Way 2 Sexy” (canção para a qual convidou Future e Young Thug) não ser tida em conta nas votações para “Melhor Performance de Rap” não são ainda claros, refere a Variety. Sabe-se, porém, que Drake já se mostrou bastante críticos dos Grammys em anos anteriores.
Um artista ser nomeado para os Grammys e pedir posteriormente para ser excluído das nomeações é algo que terá poucos ou nenhuns precedentes na história destes prémios musicais, que começaram a ser entregues em 1959 — há 62 anos.
Como nota a Variety, por norma a disponibilidade para ser nomeado para os Grammys é sinalizada previamente por um representante dos artistas — habitualmente, pela editora do mesmo. Nos casos em que um artista faz questão de ser excluído das nomeações, os seus representantes tendem a não submeter os seus discos e canções como elegíveis para os Grammys. A Variety escreve mesmo: “Claramente, escolheu submeter a candidatura — e foi posteriormente nomeado — para as duas categorias de rap das quais se retirou”.
Há quatro anos, em 2017, Drake foi o segundo artista mais nomeado para os Grammys (logo atrás de Beyoncé) mas não compareceu à cerimónia. Posteriormente, comentou assim o facto de “Hotline Bling” ter vencido a categoria de “Melhor Canção Rap”: “Sou um artista negro, [portanto] aparentemente sou um rapper, apesar da ‘Hotline Bling’ não ser uma canção de rap. A única categoria em que me conseguem encaixar é na categoria rap, talvez porque no passado rappava ou talvez porque sou negro”.
Nesse mesmo ano de 2017, Drake recusou a submeter o seu álbum More Life nas candidaturas à edição dos prémios Grammys do ano seguinte, lembra ainda a Variety. Já em 2019 desvalorizou os galardões na própria cerimónia de entrega: depois de “God’s Plan” ter sido distinguida como “Melhor Canção Rap”, afirmou em palco: “Estamos aqui a disputar um jogo que é baseado em opiniões e não em factos. Se tens as pessoas a cantar a tua música palavra a palavra já ganhaste, não precisas disto [estatueta]”.
No ano passado, em 2020, Drake chegou a mesmo a lançar a ideia de que os Grammys pudessem ser substituídos por “algo novo que consigamos construir ao longo do tempo e passar às gerações vindouras”. E acrescentava, nitidamente incomodado por o seu amigo e compatriota canadiano The Weeknd não ter sido nomeado para as principais categorias dos Grammys em 2020: “Acho que deveríamos parar de nos chocar todos os anos com a diferença entre a música que tem impacto e estes prémios, aceitando simplesmente que o que antigamente era a forma mais elevada de reconhecimento já não importa para os artistas que existem hoje e para os que virão depois”.