Depois de conquistar o título olímpico no triplo salto, Pedro Pablo Pichardo ambiciona bater o recorde mundial em 2022 e continuar a “somar” medalhas em Jogos Olímpicos e Mundiais.

“Acho que seria um bocado arrogante… mas, obviamente, quero fazer um grande salto. Pelo menos bater o recorde do mundo, pelo menos 18,30, mais um centímetro do que o recorde, era o que eu gostaria”, afirmou o luso-cubano, em entrevista à agência Lusa, visando a marca (18,29) na posse do britânico Jonathan Edwards desde 1995.

Aos 28 anos, o campeão olímpico tem como melhor marca pessoal os 18,08 alcançados em 2015, ainda antes de se naturalizar português, em 2017. O recorde nacional já lhe pertencia desde 04 de maio de 2018, quando saltou 17,95, em Doha, e foi reforçado em três centímetros com o ‘voo’ para o título em Tóquio2020, no passado dia 05 de agosto.

Apesar da ambição, Pedro Pichardo é um pouco mais comedido do que o seu pai e treinador Jorge Pichardo, que tem apontado como objetivo 18,60 metros.

“O meu pai é um bocadinho maluco nesse aspeto. Ele quer que eu atinja ‘aquele’ salto… Já que as pessoas não nos reconhecem, temos de fazer com que as pessoas reconheçam e como o conseguimos isso? Fazendo algo que ninguém fez. É por isso que ele fala sempre daquela marca. Ele e eu achamos que estamos a ganhar, a ganhar, a ganhar e ainda ninguém reconhece, pelo que temos de fazer algo que pareça impossível, para reconhecerem os nossos feitos”, explicou.

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Pichardo, que se estreou em Tóquio2020 em Jogos Olímpicos, depois de ter ficado de fora do Rio2016 por decisão dos médicos da seleção cubada devido a uma microfratura num tornozelo, integra o exclusivo lote de triplistas que já voaram mais de 18 metros, juntando-se ao recordista mundial Jonathan Edwards, aos norte-americanos Christian Taylor, Will Claye e Kenny Harrison e ao francês Teddy Tamgho.

Apesar do calendário recheado em 2022, com Mundiais ao ar livre, em Oregon, nos Estados Unidos, de 15 a 24 de junho, e em pista coberta, em Glasgow, entre 11 e 13 de março, assim como os Europeus ao ar livre, entre 15 e 21 de agosto, Pichardo apresenta metas a longo prazo.

“Ainda falta muita coisa para ganhar. Eu sou uma pessoa muito ambiciosa e, pelo menos até aos 35 anos, que é quando quero acabar a carreira — ainda faltam mais sete anos –, gostaria de, em Paris2024 e em Los Angeles2028, também levar uma medalha. A cor não tem diferença, porque já atingi o ouro, mas gostava de uma medalha nesses Jogos e nos Mundiais também. Gostaria de acabar a carreira, de hoje até aos 35 anos, sempre a somar”, realçou.

Em 03 de agosto último, Pichardo saltou 17,71 à primeira tentativa e qualificou-se para a final olímpica, à qual chegou bem mais tranquilo do que na qualificação.

“Na final estava um bocadinho mais relaxado. Acho que a qualificação é a fase mais tensa, porque só tens três tentativas e tens uma marca para atingir. Parece fácil, mas se dás nulo já podes complicar a obtenção da marca e ficamos com receio. Temos de fazer a marca, mas não fazer nulo”, recordou.

Dois dias depois, Pichardo entrou a ‘matar’ com 17,61, que já lhe valeria o título em Tóquio2020, mas reforçou a marca no terceiro salto e segurou o quinto ouro olímpico português, depois de Carlos Lopes (1984), Rosa Mota (1988), Fernanda Ribeiro (1996) e Nelson Évora (2008).

“Eu não consigo explicar. Treinei o ano todo, chegou a altura e fiz o que sei fazer, o meu melhor. Mas não sei explicar… aconteceu”, sintetizou.