O governo dos Estados Unidos da América anunciou esta quinta-feira que impôs sanções, incluindo o congelamento de todos os ativos que os antigos dirigentes angolanos Leopoldino Fragoso do Nascimento Dino e Manuel Hélder Vieira Dias Júnior Kopelipa têm no país.
Estando também a ser investigados pelas autoridades angolanas, Leopoldino do Nascimento e Dias Júnior, conhecidos como generais Dino e Kopelipa, respetivamente, “são ex-funcionários do governo que roubaram milhares de milhões de dólares do governo angolano por meio de peculato”, lê-se no comunicado de imprensa em português, distribuído esta quinta-feira em Washington.
Os dois dirigentes angolanos eram elementos da Presidência da República, ao tempo do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos e do antigo vice-presidente Manuel Vicente. Leopoldino Fragoso do Nascimento Dino era considerado um dos maiores aliados dos ex-chefe de Estado.
No texto, o Departamento do Tesouro dos EUA afirma que os agora sancionados “conspiraram com outros indivíduos angolanos e Sam Pa, designado pelo Tesouro [enquanto alvo de sanções em abril de 2014] para desviar o financiamento destinado a projetos de desenvolvimento de infraestruturas, incluindo o uso de projetos fantasmas”.
General “Dino”, o homem dos mil milhões que agora é o homem dos 10 milhões (de Isabel dos Santos)
No documento, explica-se ainda que os dois antigos responsáveis “são também suspeitos de terem desviado milhões de dólares de projetos angolanos de infraestruturas e, em seguida, utilizarem as suas posições na economia angolana para se protegerem da possibilidade de acusações criminais”.
Para além disso, os EUA dizem também que “como parte de um negócio de equipamento militar, Dias Júnior negociou com um fabricante de produtos de defesa de um país terceiro uma grande soma adicional de dinheiro para outros altos funcionários do governo angolano”.
Foram ainda responsáveis por minar o “processo democrático e as instituições” no Zimbabué, facilitando “a corrupção pública” através de tráfico diamantes, que providenciava apoio logístico e financeiro ao governo zimbabueano.
Os dois angolanos são alvo da Ordem Executiva 13818, que abarca também quatro entidades detidas ou controladas por Leopoldino Nascimento: Cochan S.A., Cochan Holdings LLC, Geni SARL, e Geni Novas Tecnologias S.A.
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) também está a designar [para ser alvo de sanções] uma entidade, Baia Consulting, detida ou controlada por Dias Júnior, e a sua mulher, Luísa de Fátima Giovetty”, no âmbito desta entidade.
As sanções esta quinta-feira decretadas implicam que “todos os bens e interesses na propriedade das pessoas acima que estejam nos Estados Unidos ou na posse ou controle de pessoas dos EUA estão bloqueados e devem ser informados ao OFAC”, acrescenta-se ainda na note.
Adicionalmente, “quaisquer entidades que pertençam, direta ou indiretamente, 50% ou mais a uma ou mais pessoas bloqueadas, também são bloqueadas”, não podendo qualquer ativo ser transacionado nem beneficiar de contribuições ou fornecimentos de fundos, bens ou serviços envolvendo as pessoas esta quinta-feira sancionadas.
Corrupção no El Salvador, na Guatemala, na Libéria ena Ucrânia preocupa Tesouro dos EUA
O Departamento do Tesouro dos EUA sancionou mais quatro pessoas para marcar o dia anticorrupção. Uma delas foi Martha Carolina Recinos de Bernal, do El Savaldor, que desempenhou um papel importante no governo do país da América Central, tendo estado à frente de um “esquema milionário” que envolveu a compra de máscaras e da recuperação de hospitais a empresas que não tinham ligações à área da saúde.
Na Guatemala, Manuel Victor Martinez foi acusado de fraude, apropriação e abuso de autoridade dentro do ministério da Saúde do país. De acordo com o governo norte-americano, o guatemalteco é suspeito de expropriar terrenos privados para uso pessoal.
Prince Yorme Johnson, da Libéria, membro do senado do país, foi acusado de usar os ministérios do país africano para enriquecimento pessoal. Além disso, é suspeito receber vários ordenados, um deles por parte do governo e dos serviços de inteligência, ainda que não contribua para as operações deste departamento.
Na Ucrânia, Andriy Portnov foi sancionado por “usar a sua influencia para subsidiar decisões em tribunais ucranianos e para minar efeitos de reforma”.