Um estudo pedido pelo Ministério da Educação à Universidade de Aveiro conclui que o nível médio global de competência digital dos professores é baixo e metade não ultrapassa o nível básico.
Os resultados do estudo divulgado esta sexta-feira “apontam para um nível de proficiência médio global correspondente ao nível intermédio B1, que se pode considerar baixo”, com Margarida Lucas, que juntamente com Pedro Bem-Haja conduziu o estudo.
Cerca de metade dos docentes que participaram no estudo não ultrapassa o nível básico A2 de proficiência em áreas específicas de competência, como a integração de tecnologias para diversificar estratégias de avaliação, promover metodologias ativas de ensino e aprendizagem ou promover a competência digital dos alunos”, revela a investigadora da Universidade de Aveiro (UA).
O estudo foi solicitado pela Direção-Geral da Educação (DGE) e envolveu 99.760 docentes, o que corresponde a 92 por cento dos docentes dos Agrupamentos de Escolas e das Escolas Não Agrupadas da rede pública.
“Há vários fatores que podem ajudar a explicar os resultados, sendo um deles o facto de termos um corpo docente envelhecido que não foi preparado para esta realidade e que pode não ter optado, ao longo da sua carreira, por investir nesta área”, explica Margarida Lucas.
Para a investigadora do Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF), uma das unidades de investigação da UA, “os resultados devem ser encarados de forma positiva, pois significam oportunidades de desenvolvimento e de transformação” e a participação no estudo “demonstra o interesse e importância que os docentes portugueses atribuíram a essa oportunidade”.
O estudo recorreu à “Check-In”, uma ferramenta desenvolvida pela Comissão Europeia, que permite aos docentes refletir sobre a utilização que fazem de tecnologias digitais em diferentes áreas da sua profissão, sendo a área pedagógica o foco principal.
Segundo Margarida Lucas, que colaborou na construção da “Check-In” e a validou para ser utilizada em Portugal, a ferramenta “devolve ao professor um nível de proficiência global e por área de competência (do A1 ao C2), bem como feedback detalhado, o que lhe permite identificar áreas/competências específicas que pode melhorar”.
Margarida Lucas aponta que os resultados “estão em linha com resultados apurados noutros países europeus” sendo que, em alguns casos e em relação a áreas específicas de competência, são até melhores”, mas para melhorar as competências “é preciso que os docentes se apropriem do digital e percebam o seu potencial para transformar práticas pedagógicas”.