Uma bancada atrás da baliza cheia de adeptos eufóricos, outras metades do estádio revestidas apenas com lonas com Real Madrid. O Santiago Bernabéu continua em transformação, num investimento que levou a mais uma linha de financiamento de 200 milhões de euros para uma obra que não estava prevista (com a taxa de juro fixa mais baixa de sempre aplicada a um clube, como os merengues anunciaram), mas começa cada vez mais a preparar-se para ser uma espécie de Meca do futebol europeu no dia em que toda a ampla remodelação estiver concluída. Nem mesmo a pandemia adiou a ambição de Florentino Pérez para o clube, percebendo que essa aposta permitirá uma rápida amortização através das receitas e um manancial muito maior de fazer dinheiro numa altura da crise. Mais uma vez, os blancos quiseram ser pioneiros.

Morreu o tenista Manolo Santana. Tinha 83 anos

É assim agora no presente, será assim no futuro, foi assim no passado. E um dos melhores exemplos disso mesmo era um dos “protagonistas” do dérbi de Madrid: Manolo Santana, aquele que segundo Rafael Nadal marcou um antes e um depois no ténis espanhol, lenda do desporto vizinho que morreu aos 83 anos.

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Primeiro espanhol a ganhar um Grand Slam há 50 anos quando venceu Roland Garros, o tenista iria mais tarde ganhar outro Major francês e mais um US Open. Só lhe faltava mesmo Wimbledon, um dos terrenos mais sagrados do ténis mundial, e essa possibilidade surgiria em 1966, ano em que se tinha realizado com triunfo inglês o Mundial de futebol e em que o Real Madrid ganhara a sua sexta Taça dos Clubes Campeões Europeus diante do Partizan Belgrado. No entanto, um pormenor deu nas vistas quando foi receber o seu troféu: o polo branco que usava tinha bordado o símbolo dos merengues, algo já na altura proibido.

Essa acabou por ser considerada uma das primeiras campanhas de sempre a nível de marketing desportivo de que há memória, numa ideia de Raimundo Saporta, braço direito de Santiago Bernabéu, que viu naquele momento uma oportunidade de promover (ainda mais) o clube que era uma das principais potências no mundo do desporto e juntá-lo a uma das grandes referências da altura no ténis mundial. Esse escudo foi depois tomado como amuleto para a final, sendo que a ação poderia ter valido uma sanção mas até se tornou um momento para enaltecer a conquista do Mundial de futebol pela Inglaterra. Tudo acabou bem e a ligação de Manolo Santana ao Real ficou selada com uma ação que não mais voltou a ser esquecida.

Agora, em dia de homenagem ao antigo tenista falecido este sábado, os merengues mostraram que os tempos podem ter mudado, a equipa pode não ser a máquina de marcar golos dos anos 60 mas recuperou agora com Carlo Ancelotti aquela capacidade de dominar e ganhar jogos que lhe vale nesta fase um avanço de oito pontos sobre o Sevilha, de 13 sobre o Atl. Madrid e de 18 sobre o Barcelona (todos com menos um encontro), além de ter garantido a passagem aos oitavos da Champions com 15 em 18 pontos.

O Atl. Madrid até começou a tentar dominar com bola o jogo, tendo algumas chegadas ao último terço e uma falta em zona lateral que poderia ter levado perigo à baliza de Courtois. Do outro lado, o Real estava confortável com esse jogo, recuando todos os jogadores para trás da linha da bola e procurando depois sair rápido em transições interpretando da melhor forma aquilo que o encontro lhe oferecia. Tanto que, pouco depois do quarto de hora inicial, já estava na frente: Modric intercetou um passe, Casemiro avançou em posse, Benzema tocou em Asensio que procurou a diagonal de Vinícius e o brasileiro centrou depois para um pontapé de primeira sem deixar cair a bola do francês para o 1-0 sem hipóteses para Oblak (16′).

Até ao intervalo, o atl. Madrid ainda ameaçou o empate num livre de Griezmann “sacudido” para a frente por Courtois mas foi sempre o Real a controlar com ou sem bola as incidências do encontro à semelhança do que já tinha acontecido durante a semana com o Inter, conseguindo ainda ameaçar a baliza de Oblak em transições como aconteceu com Vinícius que, pouco depois dessa ameaça do francês, entrou pela área mais descaído sobre a esquerda, tentou colocar entre o poste e o guarda-redes mas viu Oblak defender para canto (39′). O descanso chegada com uma vantagem pela margem mínima e vontade de mudar.

Logo no arranque do segundo tempo, Simeone lançou em campo João Félix e Lemar, ao passo que Carlo Ancelotti teve de abdicar de Benzema (que regressava de lesão) para apostar em Jovic. E o jogo mexeu e muito, com Asensio a ter a primeira oportunidade logo aos 47′ antes de dois lances em que o português brilhou num remate para defesa a dois tempos de Courtois (49′) e numa assistência para Matheus Cunha que, isolado, não conseguiu bater o guarda-redes belga (50′). Num raro momento de desconcentração dos visitados, os colchoneros podiam ter reentrado na partida mas, ao não marcarem, arriscaram-se a sofrer. E sofreram mesmo, com Asensio a confirmar o seu bom momento de forma e a voltar aos golos, fazendo o 2-0 que, a pouco mais de meia hora do final, praticamente sentenciou o dérbi da capital (57′), apesar de uma defesa por instinto de Courtois nos descontos a nova tentativa de João Félix.