O Banco de Portugal e o Instituto Nacional de Estatísticas divulgaram as séries longas da economia portuguesa desde a década de 40 do século passado. E a conclusão, para a evolução do PIB, é a de as últimas duas décadas foram as que registaram menores crescimentos da economia nacional.
De acordo com os dados, e desde então, o PIB a preços constantes teve nove anos de variações negativas, tendo registado 16 anos com variações acima de 5%, as últimas das quais em 1990. 2020 foi mesmo o ano em que o PIB nacional mais caiu, desde que esta série começou.
Na série longa permite-se concluir que as duas últimas décadas foram as de menor crescimento. Segundo revela o INE/Banco de Portugal, o crescimento médio anual foi de 0,9% nas duas últimas décadas, o que compara com valores perto de 5% nos anos 50 e 60.
Segundo o Banco de Portugal, a década de 50 teve um crescimento médio de 4,6%, seguindo-se um aumento médio de 4,7% nos anos 60, para começar a cair: 3,9% nos anos 70; 3,4% nos anos 80; 3% nos anos 90; e 0,9% nas décadas de 2000 e 2010.
Foi também desde 2000 que se assistiu a um travão no PIB real per capita. Houve “uma tendência de crescimento real ao longo da segunda metade do século passado (taxa média anual de 3,9%)”, situação que “se inverteu, porém, nos últimos 20 anos, refletindo o reduzido crescimento da economia portuguesa. Entre 2000 e 2020, o crescimento médio anual do PIB real per capita foi de apenas 0,3%. Este valor está muito influenciado pelos efeitos da pandemia em 2020 – excluindo este ano o crescimento médio foi de 0,8%”.
Nestas estatísticas verifica-se, por outro lado, que houve “um aumento progressivo do peso das administrações públicas no PIB”, aumento que foi “mais acentuado ao nível da despesa pública na segunda metade dos anos 70”. A partir de 1973, consequentemente, os défices foram crónicos, até que em 2019 houve mesmo um excedente orçamental, que foi travado pela situação pandémica.
Foi também a partir da década de 70 que a dívida pública em percentagem do PIB assistiu “a uma clara tendência de subida”, estabilizando depois no final da década de 80. No entanto, a tendência de subida “foi depois retomada no início do século XXI”. Com aumento “expressivo” entre 2008 e 2012 e de uma redução entre 2016 e 2019, voltando a subir em 2020 devido aos efeitos da pandemia.