Quase metade dos novos casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal já são da variante Ómicron. A estimativa surge num relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), publicado esta terça-feira, em que se lê:

Desde o dia 6 de dezembro, tem-se verificado um crescimento exponencial na proporção de casos prováveis da variante Ómicron, tendo atingido uma proporção estimada de 46,9% no dia 20 de dezembro.”

Na última sexta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, e os investigadores do Insa tinham afirmado que os casos de Ómicron representariam 20% dos casos positivos e previam que a variante se tornaria dominante (50% ou mais) na semana do Natal, chegando aos 90% até ao final do ano.

O relatório confirma quer a explosão prevista de novos casos da variante Ómicron, quer que “a variante será dominante (mais de 50% dos casos positivos) em Portugal na presente semana (20 a 26 de dezembro)”. Lê-se ainda no documento: “Este aumento abrupto de circulação comunitária tem paralelismo com o cenário observado em outros países — como a Dinamarca e Reino Unido”.

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Ómicron é mais prevalente na região de Lisboa e Vale do Tejo

Na última semana de que há registo dos dados (6 a 12 de dezembro), no mapa apresentado pelo INSA, a região de Lisboa e Vale do Tejo é aquela que apresenta a maior proporção de casos de Ómicron (lilás) em relação às restantes regiões do país.

Relatório INSA 21 de dezembro de 2021

O mapa do INSA

Já no Algarve, destaca-se há várias semanas a sublinhagem da Delta A.Y.4.2 (a vermelho). A nível nacional, a sublinhagem cresceu de 1,8% para 6,5% em dois meses. Esta era uma sublinhagem que também estava em crescimento no Reino Unido antes da entrada da Ómicron.

O que se sabe sobre a AY.4.2, a nova variante que nasceu da Delta?

“A investigação genética tem revelado várias introduções independentes desta sub-linhagem em Portugal, bem como a existência de cadeias de transmissão ativas”, lê-se ainda no relatório.

Sub-linhagem AY.4.2 da variante Delta triplicou em outubro em Portugal

A variante Delta, ainda assim, com base nas sequências genéticas continua — e sem contar com aquilo que é deteado com as falhas no teste — mantém-se dominante, com 97,5% de todas as amostras analisadas na semana de 6 a 12 de dezembro.

Como o INSA identifica os casos de variante Ómicron

O relatório do INSA diz ainda que “a diversidade genética das sequências obtidas até à semana de 6 a 12 de dezembro (dados em apuramento) indica que ocorreram várias introduções independentes desta variante em Portugal”.

Para a variante Ómicron, como aconteceu com a variante Alpha, “um dos critérios laboratoriais utilizados para identificar casos suspeitos é a deteção de amostras positivas com ‘falha’ na deteção do gene S”. Ou seja, não é preciso fazer a sequência genética completa do vírus (ler todos os genes), que é moroso e dispendioso, mas este sinal nos testes PCR permite perceber (como uma boa aproximação) quais poderão ser os casos de Ómicron.