Rui Tavares, cabeça de lista do Livre por círculo eleitoral de Lisboa, garantiu que vai viabilizar uma maioria de esquerda na Assembleia da República, acreditando que poderá ser eleito um grupo parlamentar do partido, composto pelo menos por dois deputados. “O Livre vai eleger em 2022, vai estar na Assembleia, vai para ficar, porque traz a Portugal respostas e soluções.”

Em entrevista à RTP3, o candidato assumiu que o partido lutou “muito” para eleger Joacine Katar Moreira e que esperava que toda a legislatura corresse bem. Contudo, após divergências que originaram a perda de confiança política à deputada e que a obrigaram a constar como não inscrita — fazendo com que não houvesse nenhuma representação parlamentar do Livre no Parlamento –, Rui Tavares reconheceu que foi um “preço duríssimo” a pagar para o partido. 

Não dando uma resposta quando confrontado se o que aconteceu com Joacine poderá prejudicar o Livre nestas eleições, Rui Tavares diz, no entanto, que as pessoas “farão a sua própria avaliação” e justificou que este problema não foi varrido “para debaixo do tapete”. “O Livre mete as suas convicções à frente do cargo e os princípios à frente do poder.”

Com o objetivo de eleger um grupo parlamentar nas próximas legislativas, Rui Tavares assinalou que quer ver “a esquerda verde europeia”na Assembleia da República, que “nunca teve representação autónoma em Portugal”. Localizado “no meio da esquerda”, o historiador indicou que o Livre defende uma “cultura de diálogo e compromisso”, que fazem falta ao país.

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Descrevendo a falta de um “acordo multipartidário e multilateral” como um “pecado original”, o fundador do partido sublinhou que o voto no Livre traz “clareza” no boletim de voto, algo que mais nenhum partido transparece. “Há, infelizmente, pouca clareza”, afirmou. “O PS apela ao voto para ter uma maioria absoluta, para formar um bloco central ou para refazer uma nova gerigonça”, apontou, acrescentando ainda que também não se sabe se o PCP e o BE adotarão uma postura de “convergência” ou se serão mais “intransigentes”.

Sobre estes partidos, Rui Tavares caracterizou-os como sendo de uma “esquerda mais tributária” mais próximos do “marxismo-leninismo”. “É respeitável”, sinalizou. No entanto, censurou o chumbo do Orçamento do Estado (OE) pelo BE e pelo PCP, que diz ter-se tratado de um “erro”. De acordo com o historiador, era importante que o OE fosse discutido na especialidade para se conseguir “limar arestas” e encontrar “posições convergentes”, tendo ainda elogiado Joacine por se ter abstido.

Além disso, o historiador assinalou que ainda não é claro se a direita “vai governar eventualmente encostada à extrema-direita”. O voto no Livre é, por isso, o único que “permite assegurar uma maioria de esquerda” em convergência para os próximos quatro anos. “Acordo assinado é governo escrutinado”, declarou.

Os cenários de um bloco central e uma maioria absoluta seriam prejudiciais para o país, frisou Rui Tavares, que quer trazer para o país um modelo de desenvolvimento vocacionado para uma “economia de conhecimento”.