No dia em que Portugal atingiu um novo máximo em 24 horas desde que a pandemia de Covid-19 começou, a ministra da Saúde, Marta Temido, revelou que o país pode chegar às 37 mil infeções diárias no dia 7 de janeiro, descrevendo este cenário como um “arranha-céus” e como uma “parede” de contágios. “Era o impacto previsível da variante Ómicron”, justificou.
Em declarações à RTP3 e à SIC Notícias, Marta Temido indicou que os 17.172 casos registados esta terça-feira eram esperados pelo ministério, estando em linha com as previsões matemáticas do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA). Contudo, ressalvou que se verificou uma “ligeira aceleração”, uma vez que se esperava atingir este número de infeções apenas na quinta-feira.
De acordo com a ministra, os contágios estão a duplicar a “cada cerca de oito dias”, sendo que o índice de transmissibilidade — R(t) — já se situa em 1,3. Também ainda não há uma “noção exata” de qual será o “número máximo” de infeções, nem quando ocorrerá o pico da quinta onda. Por trás desta escalada de casos, sinaliza Marta Temido, está a variante Ómicron, que é “muitíssimo mais transmissível”.
Com esta subida de casos “avassaladora” e “tremenda”, prevê-se um “maior impacto em alguns dos serviços de saúde”, segundo a ministra, que admitiu desconhecer o impacto que a variante Ómicron poderá provocar nos hospitais portugueses. Porém, no que concerne à linha de Saúde 24, aos inquéritos epidemiológicos e aos rastreios, já se “sente uma pressão enorme”.
Assegurando que na triagem a casos sintomáticos a linha SNS24 está a funcionar bem, Marta Temido reconheceu, contudo, que nas situações de se tratarem apenas de contactos de risco tem havido um maior tempo de espera, pedindo “paciência” e “compreensão” a todos que utilizam o serviço.
Para resolver os problemas, a ministra revelou que o algoritmo das respostas automáticas está a ser alterado, “o que permitirá uma melhor resposta”, bem como haverá um “reforço de operadores” e ainda a abertura de mais call centers. “Estamos a fazer intervenções a vários níveis e estamos a utilizar todos os meios à nossa disposição para melhorar o serviço.”
No final da semana, Marta Temido assegurou que haverá uma “resposta mais célere” para aqueles que ligarem para o SNS24, se bem que tenha ressalvado que, com o aumento de casos, possa haver mais “constrangimentos do funcionamento” da linha.
Marta Temido apela à “responsabilidade individual” na passagem de ano
Ainda em declarações à SIC Notícias, Marta Temido apelou à “responsabilidade individual” de cada um para a passagem de ano, que deverá levar a um aumento de contactos sociais. “Espero, acima de tudo, que se siga aquilo que os peritos têm aconselhado: cumprimento das medidas determinadas pelo Governo e das regras de saúde pública”, afirmou, bem como salientou que é importante “restringir contactos”.
Questionada sobre se haverá um reforço de medidas para controlar a pandemia, Marta Temido indicou que o Governo está a “concentrar-se a aplicar todo o arsenal de medidas postos à disposição”, aproveitando a semana de contenção para “restringir contactos”, “diminuir a intensidade da transmissão” e “intensificar a vacinação”.
“É importante dar tempo para que as medidas surtem o seu resultado. Já aprendemos, de experiência passada, que é preciso ter paciência para lidar com os resultados das nossas ações.”
No que diz respeito às atuais restrições, a ministra da Saúde referiu que são “proporcionais” e resultaram de um “muito difícil equilíbrio social”, tendo-as justificado com a “proteção” conferidas pelas vacinas, que permite “atenuar as consequências letais e graves da doença”.
A ministra manifestou-se ainda confiante de que Portugal será capaz “de vencer esta vaga”, mas para isso o país precisa de se “unir”.
Diminuir tempo de isolamento seria uma “boa notícia”
Mais tarde, em entrevista à CNN Portugal, Marta Temido revelou que as autoridades de saúde estão a avaliar a redução do tempo de isolamento de dez para cinco dias. É uma decisão “estritamente técnica”, definiu, acrescentando que se está a recolher “a melhor informação, a trabalhar com outros países e a verificar qual a melhor solução para o nosso contexto epidemiológico”.
“Se isso for possível, naturalmente que é uma boa notícia”, disse Marta Temido.
Notícia atualizada às 22h52