Pablo Iglesias, ex-vice-presidente do governo espanhol e fundador do partido Unidas Podemos, criticou aqueles que acreditam que as doações de “milionários” como Amancio Ortega, dono da Inditex (grupo de que fazem parte lojas como a Zara ou a Massimo Dutti), vão resolver o problema de saúde pública em Espanha, afirmando mesmo que pode ir “à merda” quem faz esse discurso.

“Amancio Ortega, que paga muitas vezes impostos fora de Espanha, doa umas quantas máquinas e está resolvido o problema da saúde pública. Vão à merda com esse discurso”, disse Pablo Iglesias, acrescentando que a “responsabilidade dos serviços sanitários funcionarem não é das doações dos milionários, é uma obrigação das administrações públicas”.

Numa tertúlia organizada esta segunda-feira pela rádio catalã RAC1 sobre a pandemia de Covid-19, o ex-líder do Unidas Podemos pediu mais investimento do Estado na saúde, nomeadamente na contratação de mais profissionais. “Porquê estão a colapsar os serviços de saúde?”, questionou Pablo Iglesias, indicando que tal se deve ao facto de “não há gente suficiente”. “Não há gente para atender o telefone, não há médicos suficientes para atender todos os pacientes que chegam.”

“Creio que depois do que vivemos destes últimos anos, não há justificação para haver menos profissionais de saúde, para que sejam mal pagos ou para a situação de colapsos que assistimos nos centros de saúde”, afirmou o ex-vice-presidente espanhol.

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Pablo Iglesias aproveitou ainda para criticar as grandes empresas farmacêuticas por não quererem levantar as patentes das vacinas contra a Covid-19. “É potencialmente um negócio impressionante. Imaginem o que estão a faturar as grandes farmacêuticas a nível mundial. É incrível”, apontou, acrescentando que “grande parte das investigações” das vacinas são financiadas por “dinheiros públicos”.

O ex-governante apelou, assim, a que se levantem as patentes, argumentando que as vacinas afetam “a segurança mundial”. “Há vários países que não as podem comprar. O problema não é só desses países”, disse, justificando com o perigo da emergência de novas variantes. “Deve haver vacinas grátis para todos”, defende, criticando o “egoísmo absoluto” das farmacêuticas por não o permitirem.

Ainda em meados deste mês, a fundação de Amancio Ortega doou cerca de 46,5 milhões de euros ao serviço de saúde público madrileno, segundo informa a ABC. Uma das mais recentes doações tratou-de de um sistema inovador de radioterapia, que emite radiação contra tumores de forma mais precisa e que custou cerca de nove milhões de euros.