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Lage deu dois chocolates para a festa de Moutinho no Teatro dos Sonhos (a crónica do United-Wolverhampton)

Este artigo tem mais de 2 anos

Após uma primeira parte dominada pelo Wolves, Bruno mostrou a Rangnick que tem de ser sempre titular, red devils melhoraram mas técnico português voltou a mudar para vencer em Old Trafford (0-1).

João Moutinho marcou o golo da vitória do Wolvrhampton em Manchester frente ao United de Ronaldo e Bruno Fernandes
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João Moutinho marcou o golo da vitória do Wolvrhampton em Manchester frente ao United de Ronaldo e Bruno Fernandes

João Moutinho marcou o golo da vitória do Wolvrhampton em Manchester frente ao United de Ronaldo e Bruno Fernandes

A imagem foi utilizada aqui no Observador quando escrevemos sobre a receção do Manchester City à equipa do Wolverhampton, a imagem podia voltar a ser utilizada no encontro entre o Manchester United e a mesma formação dos Wolves: um convívio entre toda a armada portuguesa com mais de dez jogadores quase todos internacionais A onde só faltavam pastéis de nata com canela como aquelas que Carlos Carvalhal servia de quando em vez aos jornalistas que faziam as conferências do Swansea. No entanto, e entre sete titulares e quatro suplentes, havia estados de espírito diferentes a começar pela duas figuras dos red devils.

Muitos não fazem 166 golos numa carreira, ele já leva 166 “vítimas” diferentes: Ronaldo marca e assiste no regresso às vitórias do United

Apenas pela segunda vez desde que chegou a Old Trafford antes e depois das passagens por Real Madrid e Juventus, Cristiano Ronaldo iria ser capitão de equipa. “A escolha ia recair entre ele ou o David De Gea mas quis também rodar um pouco esse posto. Além disso, é o nosso jogador com mais experiência”, destacou o técnico Ralf Rangnick à Sky Sports. Apenas pela segunda vez desde que o germânico assumiu o comando do conjunto após a saída de Ole Gunnar Solskjaer, Bruno Fernandes ficava fora do onze. “Deixá-lo no banco foi difícil. É um dos jogadores mais criativos que temos mas como estivemos bem no encontro com o Burnley [vitória por 3-1], decidimos manter a mesma confiança nos jogadores”, explicou o treinador.

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Em jogo para Ronaldo “ver” e “estar” o Manchester United agravou o arranque do Wolves de Bruno Lage

Assim, e à exceção dos problemas no centro da defesa que levaram à aposta em Phil Jones mais de 700 dias depois ao lado de Varane, toda a equipa que iniciou o último triunfo continuou a ser aposta num sistema de 4x2x2x2 onde surgem na teoria três linhas de dois no corredor central antes de começarem a surgir todas as dinâmicas coletivas que levam Greenwood e Jadon Sancho mais para as alas. Ou seja, até numa altura em que se especula sobre uma possível troca entre Manchester United e Barcelona que levaria mais um jogador de linha como Dembélé para Old Trafford, Rangnick montava uma tática de certa forma paradoxal com as características dos elementos que tem. E o Wolves não demorou a perceber isso em campo.

“Ronaldo? Quando olhas para um jogador, o mais importante é perceberes o que ele pode dar à tua equipa. É nisso que o treinador trabalha. Há jogadores que jogam em alguns jogos e noutros não. Depois, quando tens um jogador que marca tantos golos… Nem sei com que idade ele começou a jogar, porque ele era muito novo, e continua no mesmo nível. É uma máquina de golos. Ele quer marcar, marcar, marcar, é um jogador gigante. Todas as equipas gostavam de contar com ele. Mas já sabem como é, é futebol e toda a gente tem uma opinião. Se não estiverem satisfeitos com ele, tenho aqui um lugar para ele… Mas eu sei que estão felizes com ele”, tinha referido Bruno Lage na antecâmara do encontro, falando do avançado contrário.

Até pelo que tinha acontecido nos jogos com Liverpool, Chelsea e Manchester City (ou até com o próprio United na primeira volta), os red devils estavam avisados para as dificuldades que teriam pela frente e para o que necessitavam fazer para começar o ano de 2022 a contrariar o estado com que Ronaldo tinha acabado o último ano. “Não estou feliz com o que temos feito no Manchester United. Nenhum de nós está feliz, tenho a certeza disso. Sabemos que temos de trabalhar mais, jogar melhor e corresponder melhor do que o que temos correspondido até agora. Vamos fazer deste novo ano um ponto de viragem na época!”, escreveu na mensagem de Bom Ano. Se estava assim, pior ficou com o primeiro encontro. E os red devils somaram mais um desaire com golo de João Moutinho num encontro em que Bruno Lage deu um primeiro “chocolate” de futebol em Rangnick na primeira parte e um segundo na forma como mexeu na equipa para a vitória.

A primeira parte foi reduzida quase a um sentido olhando para as oportunidades de perigo e com o Wolves quase sempre melhor do que a versão caricatura de Manchester United que voltou a entrar em campo. E logo nos minutos iniciais começou o show de David de Gea na baliza, defendendo um primeiro remate de Daniel Podence para canto numa transição e um tiro fantástico de fora da área de Rúben Neves na sequência da bola parada (12′). Ato contínuo, pouco depois foi Nelson Semedo que apareceu de ângulo apertado na área a tentar também a sua sorte, rematando cruzado para outra intervenção do guarda-redes espanhol (18′).

Nem nos piores pesadelos Phil Jones poderia ter imaginado um regresso com tanto trabalho (que cumpriu), com os visitados a terem apenas duas ameaças numa transição lançada por Greenwood para Jadon Sancho que não conheceu depois efeitos práticos e num remate muito por cima de Cavani quando tinha Greenwood em muito melhor posição perante um Wolverhampton que defendia bem, jogava bonito e teve sempre o foco na baliza contrária, como voltou a acontecer em mais uma tentativa de Podence para defesa de De Gea (25′) e de um cabeceamento na pequena área de Raúl Jiménez que saiu um pouco ao lado após cruzamento de Marçal numa jogada que teve início num mau atraso de Ronaldo para o seu guarda-redes (35′). O intervalo chegava com um total de 15 remates dos visitantes contra apenas dois dos teóricos favoritos.

O segundo tempo mudou as características do jogo logo no início, não tanto na capacidade de conseguir criar oportunidades de golo mas na maior posse que o Manchester United foi conseguindo ter, permitindo ainda outra forma de travar as saídas ofensivas do Wolverhampton. No entanto, apesar dessa melhoria que no quarto de hora inicial se ficou pela vontade, ainda era curto para chegar ao golo. E foi aí que tudo mudou.

A meia hora do final, Rangnick mexeu pela primeira vez na equipa com a entrada de Bruno Fernandes para o lugar de Greenwood. E o que aconteceu nos dez minutos seguintes? O médio começou por acertar na trave após passe de Matic (67′), marcou depois o livre lateral que permitiu a Ronaldo marcar num lance invalidado depois por ação do VAR (68′) e isolou de novo o avançado com fantástico passe em profundidade que o capitão atirou ao lado da baliza de José Sá (70′). O encontro estava definitivamente partido, até porque Lage trocou Trincão pelo explosivo Adama Traoré, Saïss acertou também na trave num livre direto (75′), Raúl Jiménez ficou perto do desvio final para a baliza pouco depois (78′) e João Moutinho marcou mesmo o 1-0, ganhando uma segunda bola à entrada da área após corte de Varane para rematar rasteiro (82′). Bruno Fernandes, de livre direto, ainda ameaçou o empate, José Sá defendeu e o jogo acabou mesmo com surpresa.

[Clique na imagem para ver o golo do Manchester United-Wolverhampton em vídeo]

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