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Mármores de Pártenon devolvidos por Itália. Debate reacende-se sobre estátuas da Acrópole de Atenas em Londres

Este artigo tem mais de 2 anos

Ao contrário do Museu de Palermo, que vai ceder um fragmento de mármore pertencente ao Pártenon "com um valor simbólico muito grande", o Reino Unido recusa entregar partes da Acrópole na sua posse.

Templo de Pártenon, na Acrópole de Atenas, Grécia
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Em novembro, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, exigiu a Londres a devolução dos mármores originários do Pártenon, com a salvaguarda de ceder temporariamente algumas peças em troca

Getty Images

Em novembro, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, exigiu a Londres a devolução dos mármores originários do Pártenon, com a salvaguarda de ceder temporariamente algumas peças em troca

Getty Images

Itália vai devolver à Grécia, após novo acordo, um fragmento de mármore pertencente ao friso do Pártenon. As tensões relativas à devolução de peças de mármore deste momento grego ressurgem, assim, entre o berço da antiguidade clássica e o Reino Unido, que tem vários fragmentos com cerca de 2500 anos no Museu Britânico desde o início do século XIX.

O mármore até agora guardado no Museu Arqueológico Regional de Palermo, na Sicília, retrata, de acordo com o The Guardian, os pés de uma deusa, que será ou Peitho, a deusa da sedução e da persuasão, ou Artemis, ligada à vida selvagem e à caça. Os pés de mármores foram comprados pela Universidade de Palermo à viúva de Robert Fagan, um cônsul britânico destacado em Sicília e na Malta, após a morte deste em 1816.

Como parte de uma troca temporária entre os dois setores da Cultura, a peça de mármore vai ser emprestada durante quatro anos com a possibilidade de poder permanecer na Grécia durante outros quatro. Não foi afastada a hipótese, contudo, de a nova troca poder tornar-se permanente no futuro.

Os helénicos, em específico o Museu da Acrópole, em Atenas, vão ceder ao museu de Palermo, em troca, uma estátua da deusa Atenas, do século V D.C., assim como uma ânfora que data do século VIII D.C.

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“Enviar de volta um fragmento pequeno, mas significativo para o seu contexto de origem, pertencente ao Pártenon, tem um valor simbólico muito grande”, explicou ao jornal britânico o conselheiro da Cultura de Sicília, Alberto Samona.

É também uma resposta ao debate internacional [em torno dos artefactos do Pártenon]. Mas não quero entrar nesse debate. Para nós, este é um gesto de amizade – a Grécia e a Sicília são duas áreas do Mediterrâneo que partilham uma história comum”, salientou Alberto Samona.

Não se sabe como é que Robert Fagan (que era ele próprio um arqueólogo amador) adquiriu o mármore, embora uma teoria sugira que este lhe foi cedido pelo Lorde Elgin. Este Lorde britânico realizou escavações entre 1801 e 1804 no Pártenon, e vendeu parte do espólio – as peças reivindicadas pela Grécia — ao Museu Britânico, em 1816.

Os mármores de Lorde Elgin em exposição no Museu Britânico

Os mármores levados do Pártenon por Lorde Elgin em exposição no Museu Britânico

In Pictures via Getty Images

Em novembro, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, exigiu a Londres a devolução dos mármores originários do Pártenon, com a salvaguarda de ceder temporariamente algumas peças em troca. Downing Street, contudo, direcionou essa decisão para o Museu Britânico.

Boris Johnson: em defesa da Grécia em 1986, em defesa do Museu Britânico em 2021

Na altura em que Boris assumiu o cargo de primeiro-ministro britânico, o debate sobre as esculturas de mármore foi levantado, tendo o mesmo referido que os artefactos tinham sido adquiridos de forma legal.

O governo do Reino Unido tem uma posição firme e duradoura em relação às estátuas, e esta posição é que elas foram adquiridas legalmente pelo Lorde Elgin sob as leis apropriadas para a altura, e são propriedade legal do Museu Britânico desde a sua aquisição”, afirmou o líder do executivo em março da 2021.

Um jovem Boris Johnson de 21 anos, contudo, defendeu num artigo publicado em Oxford que os mármores fossem devolvidos aos helénicos.

Em 1986, enquanto frequentava o curso de Antiguidade Clássica em Oxford – versado tanto na componente histórica como filosófica e linguística – Boris Jonhson defendeu num artigo de sua autoria que “os mármores de Elgin deviam abandonar esta cultura nortenha, culposa e bebedora de whisky, e deviam ser expostos onde pertencem: num país de luz solar intensa e na paisagem de Aquiles, ‘as montanhas ensombradas e o mar ecoante’ [uma referência a Grécia]”.

Elas [as esculturas] seriam guardadas num novo museu a algumas centenas de metros da Acrópole. Seriam cuidadas de forma meticulosa. Não seriam, como lhes aconteceu no Museu Britânico em 1938, severamente danificadas por funcionárias da limpeza que as esfregaram com escovas de cobre”, continuou Boris Johnson no seu artigo.

O artigo foi publicado originalmente na então revista oficial da Sociedade de Oxford, intitulada Debate, por altura da visita da ministra grega da Cultura, Melina Mercouri, a primeira a lançar o debate em torno das esculturas de 2500 anos que permanecem no Museu Britânico.

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