Os empresários de bares e discotecas receberam com satisfação o anúncio de abertura dos espaços em 14 de janeiro, mas consideram “incongruente” a proibição de consumo de bebidas alcoólicas na rua.
“Para os bares é uma grande injustiça porque vão abrir uma semana depois” do previsto, começou por dizer à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Bares e Discotecas, Ricardo Tavares, após o primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado esta quinta-feira que estes espaços vão abrir a partir de 14 de janeiro.
As discotecas e os bares do território continental vão poder reabrir no dia 14 de janeiro, mantendo-se a exigência de um teste à Covid-19 negativo para acesso a estes espaços, uma medida que é acompanhada da “proibição de consumo de bebidas alcoólicas na via pública”, referiu o governante após a reunião de Conselho de Ministros.
Os espaços de diversão noturna estão fechados desde as 00h00 do dia 25 de dezembro, prevendo-se que a medida durasse até 9 de janeiro, aquando do final da denominada “semana de contenção de contactos”.
Ricardo Tavares explicou estar à espera que os bares pudessem abrir dia 10, como previsto, e as discotecas dia 14, “porque é uma sexta-feira”, salientando que os bares ficam prejudicados com este adiamento.
O empresário lamentou também a norma de não se poder beber nas ruas.
“E o não puderem beber na rua. No dia 1 de janeiro passou a ser proibido fumar dentro dos estabelecimentos e os senhores agora dizem que não se pode beber na rua, sendo que é um local arejado e circula menos o vírus, permite o distanciamento social entre as pessoas”, disse.
O responsável deu ainda como exemplo uma saída ao Bairro Alto, em que uma pessoa “entra num bar e pede uma bebida, quer ir fumar um cigarro e como é que vai fazer? Deixa a bebida dentro do bar?“, questionou.
“É incongruente. [é uma medida] de alguém que não conhece a noite, que nunca viveu a noite. Pelo nosso primeiro-ministro já não havia noite, pese embora seja uma fonte de riqueza, não só pelos impostos que pagamos, mas também pelo turismo que atraímos para Portugal”, salientou.
Desta forma, Ricardo Tavares ainda tem alguma esperança em que o Governo, “ao escrever a medida em Diário da República, tenha em conta” as especificidades dos bares.
O responsável considerou também ser de “uma injustiça atroz quem tem a terceira dose de reforço” poder entrar sem testagem, recordando que são pessoas que têm mais de 65 anos, contra as quais “não tem nada contra, mas estão mais perto de entrar num lar do que na discoteca”.
Já o presidente da Associação de Discotecas Nacional (ADN), José Gouveia, manifestou que o anúncio do Governo veio ao encontro das expectativas dos empresários, sublinhando que o adiamento de 10 para 14 “não cria grande transtorno”, uma vez que as discotecas não costumam abrir a um domingo ou a uma segunda-feira “na atual conjuntura”.
“Aquilo que nós achamos é que a situação de testagem, quando se abriu a porta aos autotestes durante o Natal para a entrada nos restaurantes, deve ser mantida essa forma de controlo, não abolindo os outros, mas permitindo que as pessoas possam fazer autotestes à entrada das discotecas”, afirmou.
Embora não entrando em grandes considerações sobre a possibilidade de entrada das pessoas com o reforço da vacina não havendo necessidade de teste negativo, José Gouveia, salientou ter “poucos clientes com mais de 65 anos e que o importante, as camadas mais jovens, ainda vai demorar algum tempo até chegar” a altura do seu reforço de vacinação.
Ricardo Tavares chamou ainda a atenção para a questão dos “tetos dos apoios” e ao facto de o Governo “ter dito que os espaços que estiveram fechados iriam ter apoio nos contratos de arrendamento e, até ao momento, ainda não chegou“.
O comunicado divulgado, entretanto, pelo Governo após a reunião de Conselho de Ministros indica que os bares e discotecas estão incluídos no grupo de espaços em que estão dispensadas de apresentar teste negativo as pessoas que demonstrarem ter sido vacinadas “há pelo menos 14 dias com uma dose de reforço de uma vacina contra a Covid-19”.
Antes do atual encerramento, os bares e discotecas – que reabriram em outubro pela primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19 em Portugal, após 19 meses parados — eram acessíveis apenas com a apresentação de teste negativo (antigénio ou PCR) ou de certificado de recuperação, mesmo para pessoas vacinadas contra o SARS-CoV-2.
O comunicado refere ainda, relativamente à proibição de consumo de álcool nas vias públicas, que se mantém a exceção para “as esplanadas abertas dos estabelecimentos de restauração e similares devidamente licenciados”.