O chefe do MI6, a agência de inteligência britânica conhecida mundialmente pela sua representação através dos filmes do espião 007, agradeceu à agência de notícias da China Xinhua pela “publicidade grátis” após a publicação de uma paródia do James Bond, em resposta a um discurso que o líder das secretas do Reino Unido fez no ano passado.
Richard Moore — cujo nome de código é C — afirmou no seu discurso que Pequim seria a maior prioridade para os serviços secretos britânicos.
Segundo o The Guardian, a Xinhu partilhou um vídeo de quatro minutos representado pelo agente “James Pond” e pela sua colega de equipa, que aparenta ser uma paródia à personagem da Marvel Viúva Negra.
O vídeo, cujo nome é No Time to Die Laughing (“Sem Tempo Para Morrer a Rir”) — uma referência ao último filme da saga 007, No Time to Die (“Sem Tempo Para Morrer”) — retrata, um encontro entre os espiões britânicos e agentes norte-americanos pertencentes à CIA.
Na rede social Twitter, Richard Moore agradeceu “pelo interesse (e pela publicidade grátis inesperada)”, partilhando depois o discurso que realizou no dia 30 de novembro do ano passado.
Thank you for your interest (and the unexpected free publicity!). For those able to access the link, you can read the full speech here: https://t.co/sXZiTMzJc4
— Richard Moore (@ChiefMI6) January 5, 2022
Na paródia, James Pond critica o modo como o MI6 utiliza a China como pretexto para o seu orçamento.
Sabes o que é que é patético? Utilizar a armadilha económica ficcional chinesa e a armadilha dos dados para assegurar o nosso gigante orçamento do próximo ano”, sugere o agente secreto no vídeo.
Durante o seu discurso, C salientou o controlo que a China exercia em pequenos países de África e outras regiões, forçando-os a aceitar ajudas económicas em troca do controlo de infraestruturas vitais e do acesso a dados dos países para contribuir com serviços essenciais.
Na paródia, é ainda sugerido que não é a China, mas sim os Estados Unidos da América que estão a controlar os serviços de telecomunicação mundiais. “É perigoso ser inimigo dos Estados Unidos, mas é fatal ser amigo deles“, é a conclusão a que chega o espião cómico, cujo nome de código é “0.07”.
A crítica à intervenção norte-americana surge como resposta à retirada por parte do Reino Unido, em 2020, do serviço Huawei da rede 5G em 2027, após pressão por parte do governo norte-americano, liderado por Trump, que considerava a nova tecnologia um potencial risco.