A história
Tudo começou em 2017, quando Filipe Santos Teixeira, arquiteto de formação e um dos pioneiros da noite portuense – há 15 anos abriu a famosa discoteca Plano B – adquiriu a oficina de um antigo marmorista, situada junto à Rotunda da Boavista. “Sempre gostei desta zona da cidade e achei que ela tinha bastante potencial. Tenho memórias de quando saía à noite aqui perto, em casas como o Labirinto ou o Triplex, é um carinho que fica”, começa por contar ao Observador.
Neste armazém industrial trabalhava um dos marmoristas mais antigos do Porto, que até chegou a colaborar com arquitetos conceituados como José Marques da Silva. “Era cliente dele, cheguei a fazer aqui os balcões para o Plano B, mas ele estava desanimado e cansado, queria desfazer-se do espaço e então decidir ficar com ele.”
A ideia de Filipe Santos Teixeira, que, entretanto, se juntou a mais três sócios, era reunir numa só morada um restaurante informal e um bar com Dj’s convidados, um conceito híbrido que estivesse aberto ao público durante todo o dia e funcionasse como um bom ponto de encontro. “Queríamos que o espaço fosse quase como um escape à realidade, em que quando as pessoas entrassem sentissem, de facto, uma atmosfera diferente. Não tanto aquela coisa de andar de copo na mão de bar em bar, mas um sítio onde encontrassem boa comida, boas bebidas e boa música.”
Abrir um negócio próprio longe da confusão e do movimento frenético do centro da cidade era um desejo antigo, que teve como inspiração uma viagem à Dinamarca. “Quando fui a Copenhaga com uns amigos recomendaram-nos um restaurante que ficava a mais de 20 quilómetros do centro. De repente estava num antigo mercado de carne no meio do nada, só com azulejos e uns candeeiros néon, a comida era espetacular e tinha uma música incrível. Esta experiência fez-me pensar que por vezes é importante desligarmo-nos do meio mais urbano para valorizarmos pequenas coisas.”
O espaço
Nestes 500 metros quadrados, o aspeto era profundamente industrial, o chão era feito com retalhos de mármore, em cada canto existiam pequenas estátuas e ferramentas e até se descobriram tanques subterrâneos que armazenavam a água da chuva para depois ser utilizado no processo de trabalho.
Do antigo marmorista que aqui existia, permaneceram apenas as paredes cruas e cinzentas, a estrutura imponente do telhado e alguns objetos convertidos agora em peças de decoração, como bustos e telefones antigos. As obras n’O Marmorista – cujo nome é uma espécie de homenagem ao ofício original da casa – arrancaram em 2018, mas a pandemia fez com que o projeto atrasasse e só se erguesse no final de 2021.
Na fachada saltam à vista o portão em ferro, a esplanada generosa e o candeeiro néon com o nome do restaurante, já no interior reina o mobiliário em madeira inspirado nos 60, as plantas verdes que cobrem as paredes, os tampos das mesas feitos em mármore com vários tons e os candeeiros geométricos, alguns feitos com películas de maquetas de arquitetura, que dão um ar cinematográfico.
A cozinha e o bar são visíveis a olho nu, os 80 lugares disponíveis dividem-se entre mesas duplas e opções comunitárias a pensar nos grupos, mas no futuro será possível comer ao balcão. A mesa do Dj fica junto aos sofás e às casas de banho, que n’O Marmorista são mistas. “As cabines são individuais, só os lavabos são comuns, hoje em dia estas questões de género deixam de fazer sentido, por isso tomámos esta opção”, explica o responsável, acrescentando que em março nas traseiras vai nascer uma nova esplanada.
De quinta-feira a sábado, o espaço conta com Dj’s convidados, que flutuam entre o urban jazz, a música soul e eletrónica, mas nem por isso O Marmorista pretende tornar-se um club ou uma discoteca. “Claro que as pessoas podem dançar, aliás já aconteceu, mas isso nunca foi uma coisa pensada para este local.”
A comida
A carta d’O Marmorista é assinada pelo chef Pedro Ferreira, que também colabora com o projeto portuense Kitchen Urban Garden, terá duas versões por ano e conta com ingredientes sazonais e várias influências do mundo, de uma inspiração italiana a uma base mais tradicional portuguesa, passando por toques asiáticos com produtos orientais.
Nas entradas destacam-se o bife tártaro com molho kimchi e togarashi (9€), as ostras com mignonette de framboesa e espumante (6,50€), os ovos rotos com presunto de pata negra (10), a burrata fumada com molho pesto de nozes e tomate (9,50€), os raviolis de ricotta e castanha com molho boleto (9€) ou o ceviche de robalo com atum, camarão e chips de batata doce (11€).
Nos principais constam opções como risotto de rabo de boi com pickles de cenoura (18,50€), arroz de lavagante e tamboril (70€), lombinho de vitela com brás de morcela (21€), cevadinha de cogumelos shitake (13,50€), carbonara de bacalhau (16€) ou uma salada de atum, manga, agrião, quinoa e vinagrete asiático (15€). Entrando no encantando universo dos doces, há sobremesas que combinam framboesa, rosa e pimento vermelho (9€), whisky, limão, chocolate e café (6€), carvão vegetal, côco, iogurte e sésamo (8€), ou sudachi, merengue, arroz e edamame (7€).
De segunda a sexta, entre as 12h e as 15h, conte com um menu executivo, diferente todas as semanas (15€), que inclui a sopa do dia, prato, salada, bebida e café. Para hidratar, a carta de vinhos é bastante extensa, tem carimbo da Sogrape e divide-se entre espumantes, rosés, brancos, tintos e Portos, sendo que há também cocktails de autor, combinações clássicas, sangrias e destilados.
O que interessa saber
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Nome: O Marmorista
Abriu em: soft opening em novembro, abertura oficial dezembro de 2021
Onde fica: Rua da Meditação, 70 (Porto)
O que é: um restaurante e um bar
Quem manda: Filipe Santos Teixeira, Nuno Leal, Diogo Oliveira e Ricardo Costa
Quanto custa: preço médio de 35€/pessoa
Uma dica: marque mesa para jantar entre quinta-feira e sábado e conte com um Dj convidado, diferente todas as semanas
Contacto: 22 118 2287
Horário: Segunda a quarta, das 12h às 00h; quinta a domingo, das 12h às 02h
“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes.