Ao contrário do que acontecia com as demais variantes, em que os picos de contágio se davam no período de dois dias antes do surgimento de sintomas e de três dias após a infeção, com a Ómicron a probabilidade de transmissão do vírus é maior entre o terceiro e o sexto dia após o diagnóstico ou o início de sintomas.
Esta é a conclusão preliminar de um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão, publicado recentemente na conceituada revista médica BMJ.
A confirmarem-se, os resultados colocam em causa o encurtamento dos períodos de isolamento decidido por uma série de países ao longo das últimas semanas, Portugal incluído.
Enquanto em Portugal o isolamento passou de dez para sete dias — o que faz com que o pico de contágios ainda esteja compreendido neste período —, no Reino Unido, desde esta terça-feira, os infetados só têm de permanecer em casa nos cinco dias após um teste positivo, desde que testem negativo ao quinto dia e que confirmem o resultado no dia seguinte.
As conclusões do estudo resultam da análise de 83 amostras, colhidas em 21 pacientes.
Uma vez que se calcula que três terços das infeções pela variante Ómicron, substancialmente mais contagiosa do que as variantes Alfa e Delta, já não estejam de qualquer forma a ser diagnosticados, estes resultados não têm de significar que os períodos de isolamento devem ser novamente ampliados, disse à BMJ Paul Raymond Hunter, professor de medicina na Universidade de East Anglia, que foi um dos maiores apologistas da diminuição dos tempos de confinamento no Reino Unido.
A partir do momento em que o vírus está a circular amplamente na sociedade, explicou o cientista, o isolamento deixa de ser uma ferramenta tão eficaz no controlo dos contágios: “Terá algum valor para as pessoas em ambientes de saúde que estão a gerir pessoas realmente doentes, mas estamos a chegar ao ponto — provavelmente em breve, isto se não estivermos já lá — em que o valor noutras circunstâncias será menor”.