O fumo do tabaco pode transportar partículas de SARS-CoV-2 até oito metros de distância, de acordo com a Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Toráxica (SEPAR), que por ocasião da revisão da lei antitabaco do país, pede que a proibição de fumar em espaços fechados se estenda às esplanadas. “O fumo do tabaco convencional e o fumo dos dispositivos eletrónicos é um excelente veículo para a transmissão do vírus entre as pessoas”, alertam os pnemologistas espanhóis, em declarações citadas pelo La Vanguardia, e pelos demais órgãos de comunicação social do país vizinho.

“A propagação do SARS-CoV-2 faz-se por aerossóis quando respiramos e é maior quando fumamos ou vaporizamos. Em espaços de fumadores, coronavírus com um diâmetro de 0,1 milionésimo de metro podem ligar-se a partículas maiores de fumo, com esses aerossóis carregados de partículas virais a poder atingir distâncias de oito metros”.

Além disso, de acordo com a Sociedade Espanhola de Pneumologia, “a presença de histórico de tabagismo aumenta em 79% mais as hipóteses de o infetado precisar de cuidados intensivos ou morrer e, em 96% dos casos, de desenvolver Covid-19 grave.”

Ainda dentro dos perigos agravados que o tabaco terá no controlo da propagação do novo coronavírus, a SEPAR lembra os contactos sem máscara — e consequente maior risco de transmissão de eventuais gotículas infetadas — que o tabaco proporciona. Mais do que travar as cadeias de transmissão da pandemia, a associação de pneumologistas diz que proibir o fumo nas esplanadas e outros espaços públicos abertos deve ser aprovada “permanentemente, para que contribua para evitar a propagação desta e de outras infeções respiratórias.”

Já em setembro do ano passado, a diretora da Agência Internacional para a Investigação do Cancro da Organização Mundial da Saúde, Elisabete Weiderpass, defendia medidas rígidas para derrotar o “inimigo número um” da saúde pública, entre elas “proibir que se fume nos lugares ao ar livro onde haja gente”.

Na introdução da entrevista à investigadora brasileira, o El País destacava que, em praticamente um ano e meio, a pandemia contabiliza 4,6 milhões de mortos. A cada ano, o tabaco mata oito milhões de pessoas. Em Portugal, os números mais recentes da Direção-geral da Saúde mostram que o tabaco contribuiu para a morte de mais de 13 mil pessoas em 2019, entre elas 1.771 por exposição ao fumo passivo.

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