Cerca de 850 crianças, que chegam a ter apenas 12 anos, estão a ser utilizadas como reféns por membros do autoproclamado Estado Islâmico numa prisão do nordeste da Síria.

A prisão de Ghwayran, em Hasaka, onde estavam detidos cerca de 3500 pessoas suspeitas de pertencerem ao autoproclamado Estado Islâmico, incluindo 850 crianças treinadas pelo ISIS, foi invadida por cerca de 100 membros do grupo radical na passada quinta-feira. O assalto foi realizado numa tentativa de libertar os prisioneiros. A maioria das menores que se encontravam na prisão não são sírias, não tendo, contudo, sido repatriadas na altura da sua detenção.

As Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos da América, têm combatido os elementos do ISIS através de um cerco ao estabelecimento prisional. A força aérea norte-americana já realizou vários ataques aéreos à prisão, entretanto controlada pelos membros do autoproclamado Estado Islâmico.

Esta segunda-feira, segundo as Forças Democráticas Sírias, citadas pelo The Guardian, 300 elementos da prisão desistiram dos conflitos, estando cerca de 10 mil militares dos EUA e FDS em redor da prisão. Embora o assalto inicial tenha levado à fuga de centenas de membros do ISIS na madrugada de sexta-feira, as autoridades estimam que entre 20 a 30 terroristas permaneçam em fuga.

Além disso, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos estima que até esta segunda-feira tenham morrido 107 rebeldes do ISIS, sete civis e 45 membros da FDS. O observatório dá ainda conta de que algumas das crianças que têm sido utilizadas como reféns na prisão — sem especificar quantas — foram libertas em troca de auxílio médico aos combatentes terroristas feridos.

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“O que estamos a ouvir em relação à prisão de Ghwayran é extremamente perturbador”, afirmou Sonia Khush, a diretora da delegação síria da organização Save the Children. “Os relatos de que crianças foram mortas ou feridas são trágicos e ultrajantes.”

“A responsabilidade por tudo o que aconteça a estas crianças também pertence aos governos estrangeiros que pensaram que podiam simplesmente abandonar os seus cidadãos menores de idade na Síria. O risco de morte ou de ferimentos [das crianças] está diretamente relacionado com a recusa destes governos em repatriá-las”, explicou Sonia Kush, segundo o The Guardian.

Até à sua derrota em 2019, o ISIS empregava, segundo a BBC, uma estratégia baseada no treino forçado de crianças — muitas delas raptadas — para que desencadeassem ataques bombistas suicidas. Intituladas “Crias do Califado”, estas crianças foram aprisionadas nos mesmos estabelecimentos que albergam militares do autoproclamado Estado Islâmico.

Embora o exército terrorista do Estado Islâmico na Síria tenha sido desmantelado, algumas células desta organização continuam a operar através de emboscadas e ataques surpresa, como o que se iniciou na quinta-feira na prisão de Ghwayran.