A Taça das Nações Africanas é um terreno fértil de histórias mais caricatas ou insólitas e os últimos dias de oitavos da competição têm mostrado isso mesmo, da colocação de um lateral esquerdo como guarda-redes pelas Ilhas Comores à intoxicação alimentar que afetou mais de metade dos jogadores de Cabo Verde. A notícia, desta vez, não chegou diretamente dos Camarões mas tinha ligação a um dos jogadores que estão na fase final da prova, neste caso o Egito de Carlos Queiroz que iria defrontar a Costa do Marfim. E, mais uma vez, houve uma surpresa para se falada na antecâmara do prato forte desta fase da prova.

Mostafa Mohamed, avançado titular dos egípcios que atua nos turcos do Galatasaray, viu um amigo ser detido nas últimas horas. Razão? O jogador pediu para esse mesmo amigo ir à faculdade fazer um exame em seu nome quase como um “duplo” mas acabou por ser apanhado por um funcionário do Instituto Universitário do Cairo e o plano saiu furado. Já detido, explicou que tinha ido fazer o teste para ajudar um amigo, sendo que a investigação tenta agora perceber se Mohamed pagou por esse “favor”. E para adensar ainda mais o enredo, o tal “duplo” assumiu ter feito (e passado) antes três exames pelo avançado, que não teceu qualquer comentário ao caso por estar concentrado na partida com a Costa do Marfim. Era aí que estavam centradas todas as atenções dos egípcios, num duelo com uma das melhores equipas na prova.

“Este é um daqueles jogos que todos os profissionais sonham jogar, com duas grandes equipas e jogadores fantásticos dos dois lados,. Esperamos que a nossa equipa possa ser a melhor, a trabalhar no duro e respeitando a Costa do Marfim, para que no fim possamos alcançar os nossos objetivos e sonhos, seguindo em frente na competição. Estatística a favor no confronto direto? É importante e, claro, muito valorizada também pela imprensa. As estatísticas dão prestígio e reputação mas o que nos interessa é o presente. O jogo é amanhã [quarta-feira], jogado por jogadores e treinadores diferentes. Temos que escrever a história. O passado não nos ajuda a ganhar os jogos”, comentara na antecâmara Carlos Queiroz, que elogiou também as palavras de Salah, pedindo apoio e união a todos os adeptos do Egito.

“Parabéns ao Salah pela sua frontalidade e pela forma como expôs essa necessidade de que todos adeptos possam estar em torno da seleção nacional, apoiando numa direção. Nós jogamos para os adeptos, nós jogamos para o povo. É importante que se perceba nas redes sociais que há uma equipa que está a tentar ganhar uma competição. Depois podemos falar tudo, mas durante a competição não é realmente a melhor forma de ajudar a equipa e os jogadores. Temos feito esse trabalho mental com os nossos jogadores que estão juntos e são como uma família; o staff também está unido e trabalhamos a cada dia para melhorar. Como disse o Salah, a prova está renhida, tem sido feita de resultados curtos; existe muita qualidade e equilíbrio, mas estamos a trabalhar para tornar felizes os nossos adeptos” destacara.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A exibição, deixando de parte qualquer resultado, foi de longe a melhor na Taça das Nações Africanas, dominando em largos períodos uma Costa do Marfim que partia com alguma vantagem teórica. Aliás, se o encontro chegou às grandes penalidades, apesar das chances que os marfinenses tiveram também, foi por mera falta de eficácia dos Faraós. 20 anos depois, Queiroz conseguiu. E o Egito venceu nos penáltis.

Com mais jogadores a atuar na Europa e a atravessar um melhor momento, a Costa do Marfim teve ainda a primeira ameaça à baliza, com o médio Kessié a arriscar o remate de longe que saiu pouco ao lado (3′). Os marfinenses tinham outra qualidade na posse e na saída mas a organização dos egípcios acabou por ganhar ascendente mesmo com menos posse, com Marmoush a recuperar uma bola em zona adiantada e a rematar de fora da área à trave (17′), antes de uma vistosa defesa de Badra Sangaré a outro tiro de meia distância de Salah (21′). Sem Kessié, que saiu lesionado, a Costa do Marfim perdia capacidade de recuperação e Mohamed, após assistência de Salah, voltou a criar perigo na área (36′). Só mesmo à beira do intervalo os marfinenses criaram perigo, com Ibrahim Sangaré (39′) e Haller (45+1′) a obrigarem o guarda-redes El Shenawy a defesas apertadas que levaram o encontro ainda sem golos para o intervalo.

O segundo tempo começou com o Egito a conseguir assumir ainda mais o encontro, com Al-Sulaya a ter mais um lance de perigo com remate por cima da trave e várias aproximações a não conhecerem apenas o último passe perante uma Costa do Marfim partida e que só voltou a dar trabalho a El Shenawy por Haller na sequência de um canto pouco antes do recém entrado Trezeguet surgir em boa posição pela área na esquerda a rematar sem o arco necessário para bater Badra Sangaré (73′). Os adeptos egípcios começavam a desesperar perante as aproximações com perigo mas sem golo da equipa antes de Zaha entrar para mexer com o ataque marfinense, vendo El Shenawy manter de novo a baliza fechada antes de se lesionar e ter mesmo de ser substituído quando faltavam poucos minutos para os 90′ e à beira do prolongamento onde o Egito voltou a ter mais oportunidades mas sem eficácia e com tudo a ser decidido nos penáltis.