Olá

866kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Bloco. Uma noite a malhar no Chega e um recado a lembrar a geringonça: “Qualquer que seja o mais votado, direita terá menos deputados"

Este artigo tem mais de 2 anos

Em Almada, "terra de resistência", o fundador e historiador Fernando Rosas deu uma aula de História para atacar o Chega. Catarina acredita que há "maioria social" de esquerda e deixou recado para PS.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de Catarina Martins, candidato pelo Bloco de Esquerda a primeiro-ministro. Comício com Joana Mortágua e Fernando Rosas Almada, 26 de janeiro de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR
i

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

As condições para um comício particularmente efusivo do Bloco de Esquerda estavam, esta quarta-feira, reunidas. Ingredientes: a presença do terceiro fundador vivo em três dias, neste caso Fernando Rosas; o terreno em que jogava, a sala de espetáculos no Incrível Almadense, na “terra de resistência” de Almada; uma sessão de ataques à direita com gritos de “não passarão”; e, a acabar, uma previsão de Catarina Martins que faz lembrar a velha – ou uma nova? – geringonça.

Foi aliás Catarina Martins que acabou o discurso quase rouca, já com a plateia aquecida depois da intervenção do fundador Rosas. Fórmula vencedora: bater na direita, como Bloco tem feito de forma cada vez mais agressiva nos últimos dias, acusando-a de “surgir pintada das cores mais modernas que consegue imaginar e no entanto em tudo o que inventa vem o velho, com barbas de quarenta anos” e um programa “velho, caduco”, que não responde às necessidades do eleitorado mais jovem, o que se mobiliza em lutas contra o racismo ou as alterações climáticas.

Conclusão: a direita não tem uma “maioria social” – essa está com a esquerda e é preciso que vá votar e se transforme numa “maioria política pelo progresso”.

Depois, atirou a frase que pode vir a tornar-se mais relevante a partir de domingo. Se Joana Mortágua, cabeça de lista por Setúbal, tinha falado de cenários eleitorais “independentemente de quem se autoproclamar primeiro-ministro no dia das eleições”, Catarina falou na mesma linha e sentenciou: “Qualquer que seja o mais votado, a direita terá menos deputados. Resta saber se o diálogo [do PS] será com PSD ou Bloco de Esquerda”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

É a fórmula com que nasceu a primeira geringonça – mas se houver segunda, como pareceu admitir, já não será com António Costa, que anunciou que se demitirá se perder as eleições, à frente do PS. E o sucessor mais bem colocado é Pedro Nuno Santos, fã confesso — e negociador — da geringonça.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de Catarina Martins, candidato pelo Bloco de Esquerda a primeiro-ministro. Comício com Joana Mortágua e Fernando Rosas Almada, 26 de janeiro de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

O apelo ao voto de Catarina acabava com o apelo a quem “quer um entendimento à esquerda e quer derrotar a direita e o regresso ao passado”. Não por acaso: minutos antes, Fernando Rosas – que é fundador do Bloco, historiador e duas vezes preso político – dera uma aula de História no Incrível Almadense para intensificar seriamente o ataque ao Chega, para cumprir um dos principais objetivos eleitorais do Bloco: confirmar-se como terceira força e ficar à frente de André Ventura.

“É isso que determinará se se consegue barrar eficazmente o partido da extrema-direita racista e xenófoba”, explicou, a mesma que se disfarça sob a “verborreia oca do seu bufão em chefe” mas que na verdade, e na sua essência, “repousa nas velhas conceções dos setores mais reacionários”.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de Catarina Martins, candidato pelo Bloco de Esquerda a primeiro-ministro. Comício com Joana Mortágua e Fernando Rosas Almada, 26 de janeiro de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Rosas foi às características das ditaduras e “regimes que trazem o totalitarismo nas entranhas” e, como se estivesse numa aula, enumerou: “A normalização da violência antidemocrática e a exploração, fatalidade e necessidade de guerras imperialistas, obscurantismo” estiveram “sempre no âmago das ideologias da extrema-direita”. Já André Ventura, recordou, inspira-se agora no lema de Salazar (na versão 2.0, “Deus, pátria, família, trabalho”), que por sua vez se inspirava no fascismo italiano, e é por isso “o porta-voz da regressão civilizacional e da barbárie”.

Mais, carregou: “Foi à sombra desses valores que o regime fascista impôs perseguição política, tortura e violência policial, proibição da greve e sindicatos livres e criminosa guerra colonial sem fim”. E o que o Chega quer, frisou, é “o regresso ao passado”, que se conjuga agora com um presente “de barbárie neoliberal, cavalgando desencanto, descontentamento e medo”.

O apelo mais emocional – “pertenço a uma das gerações que pagaram com o preço da vida, da liberdade do exílio, da clandestinidade, o dever de resistir ao fascismo e à guerra colonial” – tinha um objetivo: pedir o voto no Bloco porque é preciso impedir o Chega de entrar “em qualquer modalidade de maioria parlamentar”. Até porque a direita, acusou, está “em processo de normalização e aproximação da extrema-direita”.

Por isso, no ano em que os anos passados desde o 25 de Abril passam a ser mais do que os que Portugal passou em ditadura, pediu que essa memória “seja honrada” e que se vote no Bloco porque “é a forma mais decisivamente colocada para lhe barrar [ao Chega] o passo como terceira força”. No domingo se verá se o objetivo que o Bloco assume com cada vez mais firmeza é cumprido.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.