Na Europa foram registados 12 milhões de novos casos de infeção pelo coronavírus só na semana que passou. “É a mais alta incidência desde o início da pandemia”, disse Hans Kluge, diretor regional para a Europa da Organização Mundial da Saúde, a abrir a conferência de imprensa marcada para esta quinta-feira de manhã, enfatizando o papel da variante Ómicron, mais transmissível, neste aumento, e explicando que 30% de todos os casos de infeção desde que o SARS-CoV-2 foi detetado foram reportados já este ano — isto, ao 34º dia de 2022.

22% de todos os testes feitos são positivos e as hospitalizações continuam a aumentar, sobretudo em países com baixas taxas de vacinação e entre as populações mais vulneráveis”, acrescentou o responsável a OMS, para depois contrabalançar e falar numa espécie de “endgame” para a pandemia no continente europeu: em unidades de cuidados intensivos os números mantêm-se controlados e a mortalidade parece ter estabilizado.

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“Não vou dizer que está tudo acabado, mas quero realçar que a região europeia tem aqui uma oportunidade única para controlar a transmissão, graças à convergência de três fatores: em primeiro lugar, o elevado número de vacinados e a imunidade natural conferida pela Ómicron; em segundo, uma pausa sazonal favorável, à medida que saímos do inverno; e em terceiro, uma menor gravidade da variante Ómicron, agora já estabelecida”, enumerou Kluge.

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“Este contexto, que ainda não tínhamos experienciado desde o início da pandemia, dá-nos a possibilidade de um longo período de tranquilidade”, previu ainda, para depois, mantendo a toada bélica, dizer que o período que se avizinha deve ser visto como um “cessar-fogo” que pode trazer ao continente “uma paz duradoura”.

Para isso, acrescentou o médico belga, é preciso que sejam cumpridas cinco condições: continuar o processo de vacinação e a inocular a população com doses de reforço; continuar a proteger os mais vulneráveis; promover a responsabilidade individual e os comportamentos defensivos, para que os governos deixem cair medidas de restrição com impacto social e económico; intensificar a vigilância e deteção de novas variantes, que “inevitavelmente vão surgir”; e, por último, aumentar a partilha de vacinas para lá das fronteiras nacionais.

Não podemos assistir à desigualdade no acesso às vacinas nem por mais um dia. As vacinas têm de ser para todos”, determinou.