Os juros a 10 anos de Portugal bateram, pela primeira vez desde abril de 2020, em 1%. Já na sexta-feira tinham andado perto dessa marca, mas no arranque desta semana chegaram mesmo a esse valor.

Isto é o juro que a dívida soberana de Portugal é transacionada no mercado secundário, mas que tem impacto nas vendas primárias de dívida por parte do IGCP. Na próxima quarta-feira, 8 de fevereiro, o IGCP vai realizar dois leilões de Obrigações do Tesouro com maturidade em outubro de 2028 e em 2031, com um montante indicativo global entre 1.000 milhões e 1.250 milhões.

Fonte: Trading Economics

Os juros europeus têm subido desde que na quinta-feira Christine Lagarde, presidente do BCE, não fechou a porta a subida de juros ainda este ano. A subida das taxas está a acontecer, desde então, na generalidade dos países da Zona Euro. Os juros a 10 anos da dívida alemão continuam em terreno positivo, nos 0,22%; enquanto os de Espanha estão igualmente acima de 1%.

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E no domingo o governador do banco central dos Países Baixos disse mesmo que poderia acontecer no quarto trimestre essa subida. Os mercados têm já antecipado que no final do ano as taxas na Zona Euro podem estar mais altas em 50 pontos base.

Dos Países Baixos vem a primeira declaração oficial a dizer que o BCE deve subir taxas no quarto trimestre

Com a inflação a subir tanto na Zona Euro como noutras regiões, começou a antecipar-se uma mudança de atuação dos bancos centrais. O Banco de Inglaterra já subiu, por duas vezes, as taxas do Reino Unido e a Fed já revelou que em março vai haver subidas nos Estados Unidos. O BCE tem sido mais paciente, mas Christine Lagarde, na última reunião, não fechou as portas a uma subida também na Zona Euro ainda este ano.

Num exercício de apuramento de riscos, feito no Orçamento do Estado para 2022 (que foi chumbado), o Governo estimou que uma subida em um ponto percentual dos juros ao longo da curva de rendimento da dívida portuguesa levaria ao “aumento dos juros da dívida direta do Estado, em 2022, de 184 milhões de euros em contas públicas e de 344 milhões de euros em contas nacionais (cerca de 0,1% e 0,2% do PIB, respetivamente)”. Esta análise considera que “um aumento da taxa de juro do Estado de 1 ponto percentual seria acompanhado por um aumento de 0,08 pontos no custo médio dos empréstimos de taxa de variável do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira”.

Nesse mesmo orçamento, a despesa prevista com juros para este ano de Portugal era de 5.108 milhões de euros, menos 293 milhões de euros do que os 5.401 milhões de euros que estavam inscritos para 2021.