Depois de quatro anos à espera, o pedido de visto da mãe de Isabel Bapalpeme, a jovem guineense de 29 anos que necessita de um transplante de pulmão, foi finalmente “processado” pela embaixada portuguesa em Bissau, tendo já sido “remetido para parecer das entidades competentes em matéria de entrada de estrangeiros em Portugal”.
A informação foi avançada esta terça-feira à noite pelo gabinete do ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) ao Observador, salientando ainda que a emissão do visto será “a breve trecho”.
A mãe de Isabel, Sábado Bapalpeme, aguarda há quatro anos pelo visto, depois de a médica que acompanha a jovem ter enviado relatórios para a embaixada em Bissau em 2018 a justificar a presença da mãe em Portugal. Em causa, está o facto de Isabel necessitar de ajuda da mãe para realizar tarefas simples, devido à sua situação clínica.
Neste momento, de acordo com a médica pneumologista Ana Cysneiros em declarações ao Público, Isabel “tem o pulmão direito completamente destruído e o esquerdo com muitas sequelas. Tem uma função pulmonar muito comprometida” e uma grande necessidade de oxigénio. Neste contexto, é vital alguém ajudá-la, apesar de atualmente viver sozinha numa casa do Barreiro. Antes de uma campanha de solidariedade que começou nas redes sociais, a guineense de 29 anos vivia também em condições precárias — apenas com uma cadeira de cozinha.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) adiantou na segunda-feira ao Observador que a mãe da jovem foi convocada para comparecer na segunda-feira. Segundo o Expresso, foi o próprio MNE quem “deu instruções à secção consular da embaixada de Bissau não exigir mais do que o relatório médico já apresentado, visto que é pública e notória a necessidade da cidadã que se encontra em Portugal de ter acompanhamento familiar nas circunstâncias muito difíceis de saúde por que está a passar”.
Antes disso, Sábado Bapalpeme não conseguia obter um visto, por alegadamente preencher de forma incorreta o formulário do documento.
Isabel Bapalpeme chegou a Portugal com 21 anos e 21 quilos, transferida ao abrigo do programa de cooperação internacional para a saúde patrocinado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Aos 15 anos, quando vivia numa zona rural remota da Guiné-Bissau, contraiu uma tuberculose que não foi devidamente tratada, o que acabou por espoletar os atuais problemas de saúde.