Seis em cada sete pessoas no mundo afirmaram sentir-se inseguras em 2021, apesar de ter sido o ano em que se registou o maior Produto Interno Bruto (PIB) global da história, alertaram esta terça-feira as Nações Unidas.
“O progresso do desenvolvimento a nível mundial não cria automaticamente uma maior sensação de segurança”, sublinhou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) nas conclusões de um estudo publicado e citado pelas agências internacionais.
Segundo a agência das Nações Unidas, o sentimento de insegurança da população está a aumentar, apesar dos indicadores refletirem um maior desenvolvimento.
Como tal, a agência apela “à promoção da solidariedade e a uma reorientação dos esforços no âmbito do desenvolvimento”.
A pandemia de Covid-19, as mudanças climáticas, a fome, as tecnologias digitais, as desigualdades, a falta de capacidade dos sistemas de saúde para enfrentar novos desafios, além dos conflitos armados, que afetam cerca de 1,2 mil milhões de pessoas no mundo, continuam a criar ansiedade, medo de sofrer escassez ou de não ser capaz de viver com dignidade.
A agência da ONU lembra que a expectativa de vida caiu em todo o mundo, pelo segundo ano consecutivo, devido à pandemia da doença Covid-19 e avisa que as mudanças de temperatura podem causar a morte de 40 milhões de pessoas até ao final do século.
“Apesar dos avanços no desenvolvimento acumulados ao longo dos anos, a sensação de segurança da população está abaixo do mínimo em quase todos os países, incluindo nos mais ricos”, sublinhou o PNUD, referindo que Estados “com alguns dos mais altos níveis de saúde, riqueza e educação mostram níveis mais elevados de ansiedade do que há 10 anos”.
O PNUD mede esta insegurança através do Índice de Desenvolvimento Humano, que manteve uma melhoria contínua desde que começou a ser elaborado, em 1994, até registar uma queda abrupta em 2019-2020, coincidindo com a pandemia de Covid-19.
Apesar de 2021 apresentar sinais de uma recuperação, o PNUD calcula que o índice perdeu, nos dois anos anteriores, as melhorias alcançadas entre 2014 e 2019.
“Embora o mundo desfrute de uma riqueza sem precedentes, a maioria das pessoas está preocupada com o futuro, sentimento que provavelmente foi exacerbado pela pandemia” de Covid-19, admitiu o administrador do PNUD, Achim Steiner, num comunicado hoje divulgado.
Além disso, sublinhou o responsável, existe uma estreita relação entre a perda de confiança e os sentimentos de insegurança.
“Pessoas com maior sentimento de insegurança têm três vezes menos probabilidades de confiar nos outros“, o que afeta as relações normais de convivência, de acordo com o responsável.
Para Steiner, a solução está em “prestar atenção aos sinais mostrados pelas sociedades que sofrem de muito ‘stress’ e redefinir o verdadeiro significado de progresso”.
Para o fazer, Achim Steiner defende a adoção de um modelo de desenvolvimento que se baseie na proteção e recuperação do planeta, com novas “oportunidades sustentáveis” para todos.