Decorrem buscas a um alegado curandeiro que martelou um prego na cabeça de uma grávida de três meses, no Paquistão. A mulher estava “totalmente consciente, mas com imensa dor” quando chegou à procura de ajuda, sendo que já tinha tentado extrair o prego com um alicate em casa, contou o neurocirurgião do Hospital Lady Reading, Haider Suleman ao jornal paquistanês Dawn.
Mas, afinal, porque foi ter com o alegado curandeiro? “Por medo do marido”, explicou o médico. A mulher tem três filhas e o marido terá ameaçado deixá-la se voltasse a dar à luz uma menina, mesmo ainda não sendo claro o sexo do feto.
Ela disse que uma mulher na sua localidade fez o mesmo [martelou um prego na cabeça] e deu à luz um menino, embora o ultrassom tenha mostrado que o feto era uma menina”, esclareceu o médico.
O chefe da polícia de Peshawar, Abbas Ahsan, garantiu esta terça-feira que já está formada uma equipa de investigação com o propósito de encontrar o curandeiro “que brincou com a vida de uma mulher inocente e colocou um prego na sua cabeça, com a falsa promessa de um filho do sexo masculino”, escreveu no Twitter.
Special team has been made to bring to justice the fake Pir who played with the life of an innocent woman & put a nail in her head, with a false promise of a male child.
The team will also investigate why incident was not reported to police by the treating doctor.
— Abbas Ahsan (@AbbasAhsan) February 8, 2022
A polícia passou vários dias a entrevistar os profissionais de saúde que operaram a mulher e, agora, estão a tentar encontrá-la, já que saiu do hospital depois de retirado o prego do crânio.
Em alguns países mais pobres do sul da Ásia, acredita-se que um filho oferece maior segurança financeira a longo prazo aos pais do que as filhas, e tal dá origem a práticas de exploração. Os curandeiros são até comuns em zonas do Paquistão, e as suas práticas são enraizadas na tradição sufista, às vezes descrita como uma forma de misticismo islâmico, porém proibidas em muitas escolas do Islão, segundo a BBC.