Os laboratórios Germano de Sousa foram alvo de um ataque informático esta quinta-feira. A notícia foi avançada pela CNN Portugal e confirmada posteriormente ao Observador por José Germano de Sousa, fundador e diretor do grupo de análises. A rede de hospitais e clínicas CUF, parceira dos laboratórios Germano de Sousa, avisa entretanto que o acesso ao serviço de análises e a disponibilização de relatórios e resultados clínicos “poderão sofrer constrangimentos”.
O ataque não resultou na violação dos dados pessoais de doentes e clientes dos laboratórios, garante o diretor do grupo ao Observador: “Estão completamente seguros. Não houve intromissão, felizmente, nas nossas bases de dados”.
Ouça aqui na íntegra as declarações de Germano de Sousa:
Este ciberataque criou, isso sim, ” dificuldade em comunicar com alguns hospitais com os quais trabalhamos”, em especial “os hospitais do Grupo Mello, do grupo CUF”. Houve ainda um corte na possibilidade de transmitir informações de forma informática entre “o laboratório central de Lisboa” do grupo Germano de Sousa e alguns postos de colheita do grupo “na parte sul do país”.
Felizmente estamos a trabalhar como sempre, recebemos os nossos doentes. O que pode acontecer é que tenhamos de atrasar um pouco mais as entregas dos resultados” de análises, referiu o fundador dos laboratórios.
A comunicação do ataque informático às autoridades competentes já foi feita, adianta ainda o diretor dos laboratórios ao Observador, estando a equipa de cibersegurança da empresa em estreita articulação com a Polícia Judiciária, a CNPD e o Centro Nacional de Cibersegurança.
À Agência Lusa, acrescentou: “Creio que foi mais do que um ataque informático”. Terá sido “um vírus” a entrar no sistema informático: “Lançam centenas de vírus deste tipo e um entrou no nosso sistema. Felizmente temos tudo em duplicado e neste momento estamos a repor e a limpar tudo”. Será ainda possível que algumas análises agendadas para esta quinta-feira possam ter de ser remarcadas, mas não é certo.
CUF alerta para “constrangimentos”
A rede de hospitais e clínicas CUF, parceira de Germano de Sousa na área das análises clínicas, avisa entretanto que os clientes das unidades podem ter de enfrentar “constrangimentos” até que o problema no sistema dos laboratórios “esteja totalmente restabelecido”. Em comunicado enviado ao Observador, a CUF garante ainda que os sistemas desta rede “não foram afetados”.
O acesso ao serviço de análises clínicas nas unidades CUF e a disponibilização de relatórios e resultados clínicos poderão sofrer constrangimentos”, avisa a CUF.
A rede de hospitais e clínicas adianta que as colheitas de ambulatório também foram suspensas “temporariamente”.
O Observador questionou a Direção-Geral da Saúde sobre se o atraso na entrega de resultados clínicos por parte dos laboratórios Germano de Sousa pode afetar a divulgação de casos de Covid-19 nas próximas horas, mas não obteve resposta até agora.
Nas últimas semanas têm-se sucedido notícias relativas a ataques informáticos em Portugal. Um dos mais recentes foi à operadora Vodafone, já depois de um ataque informático ao semanário Expresso e à SIC. Já esta quarta-feira foi noticiada uma tentativa de ataque ao grupo de média que detém a revista Visão.
