O porta-voz da reunião que juntou distritais do PSD disse esta sexta-feira que o líder do partido tem um ‘timing’, mas defendeu um consenso entre direção e distritais para as eleições, admitindo levar uma recomendação ao Conselho Nacional.
“Não propusemos datas [para as eleições diretas]. O presidente do partido já disse qual era o ‘timing’ dele, que seria até ao final de junho. Nós temos de marcar datas em função do que o nosso presidente acha por bem para ele próprio e para o partido”, afirmou o presidente da distrital de Viana do Castelo, Olegário Gonçalves.
O social-democrata falava aos jornalistas após a reunião, na quinta-feira, em Marrazes, Leiria, na qual foram analisados os resultados das eleições legislativas e foi abordado o próximo Conselho Nacional do partido, no sábado, em Barcelos.
No encontro estiveram 10 representantes de distritais e outras sete manifestaram concordância com a posição assumida.
Questionado se o encontro das distritais pretendia antecipar esse calendário, Olegário Gonçalves respondeu que “a ideia não é essa”.
“Nós temos o partido que saiu de umas eleições que não foram as melhores e nós temos de salvaguardar o partido, os militantes e chegarmos a um consenso com a direção e com as distritais para marcar o próximo ato eleitoral do partido”, disse.
“Vamos para o Conselho Nacional para que ele [Rui Rio, líder do PSD] proponha uma data. Nós também vamos ver o que vai ser dito pelo próprio presidente e vamos analisar, mas penso que será esta a indicação das distritais e nós estamos e somos solidários com o presidente do partido“, declarou, admitindo que as distritais podem “fazer uma recomendação ao líder e à Comissão Política Nacional das datas a definir”.
No início de fevereiro, no final da reunião da Comissão Política Nacional do PSD, Rui Rio confirmou que irá deixar a presidência do partido na sequência dos resultados das legislativas e remeteu para o Conselho Nacional a marcação da data das próximas diretas, manifestando vontade de sair, no máximo, até ao início de julho.
No encontro, não foram abordados nomes de candidatos à sucessão de Rui Rio.
“Não viemos para analisar candidatos, viemos, sim, para ver o futuro e para falar sobre o futuro do PSD”, garantiu Olegário Gonçalves, adiantando que as distritais rejeitam a eventual realização de um congresso programático antes das diretas, que “deve ficar para o futuro”, depois da eleição do novo líder do PSD.
No sábado, o Conselho Nacional do PSD poderá estabelecer no sábado um calendário para eleições diretas e Congresso ou apenas uma baliza temporal, remetendo para outra reunião a aprovação do processo, com a formulação da ordem de trabalhos da reunião a falar apenas em “decisão sobre processo eleitoral para os órgãos nacionais do partido”.
O presidente da distrital de Leiria, Hugo Oliveira, salientou que “não há nenhum processo eleitoral iniciado ainda e, portanto, não pode haver candidatos“, referindo que o PSD tem um líder que “há de dar o cronograma ao próximo processo eleitoral que há de ser no próximo Conselho Nacional”.
“Queremos ouvir o presidente do partido e, consensualmente, sabemos, exatamente, qual é que é a nossa posição sobre esta matéria”, declarou Hugo Oliveira, salientando que “o PSD sempre teve capacidade e terá de liderar a oposição e capacidade para liderar a oposição federando, porque o PSD consegue ter uma abrangência tal que consegue federar a direita e consegue ter uma abrangência à esquerda”.
“E é isso que o PSD deve fazer para o futuro e, por isso, não tem que estar aqui preocupado neste momento quem é que vai ser ou não o seu líder de forma imediata e à pressa quando não se iniciou o processo eleitoral”, acrescentou.