Príncipe Carlos? Quem? Os holofotes só podiam ser desviados para outra presença ilustre naquele evento, avistada no seu maxi dress Bottega Veneta por várias vezes a acariciar o ventre, gesto que rapidamente pôs a correr a previsão: sim, os Barbados celebravam a independência, mas também, sim, era muito provável que Rihanna estivesse grávida, um rumor capaz de ofuscar qualquer cerimónia solene em Bridgetown no final do mês de novembro. Enquanto se dava a transição do país para uma república, os súbditos da rainha @badgalriri contavam os dias para o anúncio oficial. Eis que chegou no último dia de janeiro, com a coreografia da revelação planeada ao detalhe.
A partir desse momento, cada aparição pública, quase sempre com o cenário de Nova Iorque em fundo, tornou-se um autêntico acontecimento/manifesto e motivo de discussão até entre introvertidos. Uma manhã de compras em Manhattan ou um jantar romântico no Soho são pretextos para um desfile de originalidade funky devidamente curada, com Rihanna a conferir um novo e significado ao conceito de look pré-mamã — a começar pelo momento épico da revelação aos seus 121 milhões de seguidores.
Como se a obra do acaso não fosse afinal uma deliciosa encenação, a revista People (a mesma que em novembro de 2020 confirmou o namoro do casal) contava como nesse fim de semana o casal fora visto a passear pelo Harlem, e como Rihanna, que apesar de usar um longo casaco cor de rosa, deixava a sua já evidente barriga à mercê da objetiva de um fotógrafo. Diggzy, aka Miles Diggs, captou as imagens e partilhou um grande plano na sua conta de Instagram. Mas, atenção, escrevemos longo casaco cor de rosa? Devíamos ter escrito Chanel vintage, a bem do rigor e do guia de estilo servido pela cantora e empresária, que reforçou o look com joias também elas de outros tempos.
“Estou a gostar de não ter que me preocupar em tapar a minha barriga”, desabafou entretanto à mesma publicação. “Se me sinto um bocado gordinha, enfim, que se lixe! É um bebé!“, continuou Rihanna, que explica como apesar dos desafios colocados por esta nova fase, no que ao guarda-roupa diz respeito, a tarefa tem sido interessante. É “divertido” mas também “um desafio”, admite a cantora, adiantando que muitas vezes a tentação da preguiça é grande, mas nada como uma passagem de batom nos lábios para levantar o astral. “Vestes uma roupa e é do género: se pareces bem, sentes-te bem. Ouvi isto muito tempo, mas é verdade. Consegue mesmo fazer-te levantar do sofá e fazer-te sentir uma bad bitch“.
O efeito laranja e um janeiro tão baggy quanto sexy
Voltemos ao início desta história de irreverência e sensualidade, atributos que no caso da protagonista em questão são praticamente um pleonasmo. Depois do efeito acetinado Bottega na sua terra natal, o laranja regressaria a cena para mais uma manobra de distração — ou pelo menos voltava a deixar os fãs na dúvida. Já em janeiro deste ano, em vésperas da notícia, o casaco oversized extra fofo combinava com um hoodie do mesmo tom, e ainda com umas calças Balenciaga e uns saltos Gucci.
Ainda na fase de tentar esconder a boa nova dos olhos do público, deambulou sem medo do frio, com o seu boné de baseball, pernas a descoberto, de novo os centímetros a conferirem altura extra e, last but not least, as suas providenciais luvas de esqui Miu Miu. Entre técnicas para camuflar e a arte da anunciação, podemos dizer que janeiro foi um bom mês na passerelle de Rihanna. Muito baggy sportswear, uma pitada de logomania, um banho de preto integral, os acessórios high fashion certos. Enfim, a dose de afirmação individual que uma gravidez pede — ou pelo menos que uma grávida como Rihanna merece e exige. Enquanto isso, parece que Nicky Hilton também está grávida.
me carrying around all my secrets ???????????????? pic.twitter.com/69vobB1ppl
— Rihanna (@rihanna) February 17, 2022
Entre stilettos e pelo falso, e cada vez mais aparições públicas a dois, A$AP Rocky reclama igual análise na evolução de estilo e traz-nos à cabeça a boa memória de uma manta quentinha em setembro de 2021, quando a passadeira vermelha da Met Gala já se arrastava para lá das horas. E quem não se lembra do vídeo de “Fashion Killa”? a antecipar a bela da hashtag #couplegoals?
Esta semana, em Los Angeles, o rapper juntou-se à companheira num evento da marca da cantora, que acaba de anunciar ao mundo que a sua Fenty Beauty fará oficialmente parte da família Ultabeauty (uma cadeia de lojas de cosmética) a partir de 6 de março. Quando lhe perguntaram qual era o seu produto Fenty preferido, sorriu, olhou para Rihanna e acenou com a cabeça. Resposta correta. A revista Paper não tem dúvidas: o rebento ainda nem nasceu e já é um ícone de moda.
Na rua ou no Instagram, sempre debaixo do “Umbrella” da Y2K
Ah, o problema do ano 2000, ou como um potencial bug gerou o pânico no virar do milénio. A inspiração Y2K saltou dos computadores para o armário e Rihanna assegura o título de legítima representante do estilo que ressurgiu em força. As leggings ou as cinturas que teimam em descair, o pronunciado cut out, e a armação Matrix a apontar a agulha para o desfecho dos 90 e a entrada na década seguinte. Está tudo aqui presente, a lembrar-nos que na verdade nunca se foi bem agora.
No Instagram, a gestão das produções vai entretendo quem procura inspiração renovada. Rua fora, as escolhas são colírio para os paparazzi e continuam a fazer escola. Eis o menu escolhido para ir a um jantar num restaurante em Santa Monica, na Califórnia: jeans Roberto Cavalli, sandálias Tom Ford, crop top Fendi, casaco patchwork Cavali, e colar Patcharavipa — não esquecendo o soutien com diamantes Jacqui Aiche, que ronda os 31 mil euros.
Esta sexta-feira, o mesmo dia em que se levantou a hipótese de lançar novo álbum, os aplausos foram para o casaco leopardo Vetements, as mules Saint Laurent, o boné R13 e os joggers Awake NYC. Dois dias antes, mostrava como reabilitar o casaco em forma de coração Saint Laurent, sobrepondo-o a uma icónica camisola dos Chicago Bulls e rematando com muito bling bling.
No balanço do mês de fevereiro, dificilmente falhará o conjunto Attico com lantejoulas que escolheu para o debute enquanto grávida numa passadeira vermelha, ou o dress-coat Alaïa com direito a capuz, o eyeliner não menos encarnado, e a companhia do fato Celine de A$AP Rocky, na abertura da loja Savage X Fenty Los Angeles. Fazer melhor? É sempre possível, claro, mas é preciso algum work, work, work, work, work, work…