A Alemanha vai parar o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, anunciou o chanceler alemão, Olaf Scholz, numa conferência de imprensa em Berlim.

De acordo com Scholz, as autoridades alemãs vão reavaliar a capacidade de a Alemanha assegurar as suas necessidades energéticas sem o gás natural oriundo da Rússia através daquele gasoduto, construído desde o ano passado e que deveria entrar em funcionamento este ano.

“A situação é hoje fundamentalmente diferente e, por isso, à luz dos acontecimentos recentes, também temos de reavaliar esta situção, também no que toca ao Nord Stream 2″, disse Scholz.

“Hoje, pedi ao ministro da Economia para anular o atual relatório de análise sobre a segurança do abastecimento”, explicou o chanceler, referindo-se a um documento técnico apresentado ao regulador alemão da energia que dava luz verde ao Nord Stream 2.

“Isto parece técnico, mas é o passo administrativo necessário para que não possa, agora, haver uma certificação do gasoduto. E sem esta certificação o Nord Stream 2 não pode entrar em funcionamento”, acrescentou.

A suspensão do gasoduto Nord Stream 2 poderá ser uma das mais importante sanções aplicadas pelo Ocidente à Rússia.

Atualmente, como o Observador explicava neste artigo, o gás natural representa cerca de 22% do consumo de energia na União Europeia — e, desse gás, cerca de 35% é importado da Rússia.

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Isso significa que a Rússia é a origem de cerca de 8% da energia produzida na União Europeia, o que deixa o continente muito dependente de Moscovo.

Sabendo disso, a Rússia nunca hesitou em usar a distribuição de gás natural para a Europa como uma ferramenta de poder geopolítico.

O Nord Stream 2, um gasoduto que liga a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico, foi concluído em 2021, custou 10 mil milhões de euros e teria uma capacidade para transportar 55 mil milhões de metros cúbicos de gás natural por ano para a Alemanha, praticamente duplicando a quantidade de produto bombeado para a Europa todos os anos.

A Alemanha é a principal beneficiária deste abastecimento — e bem precisa deste gás, uma vez que se encontra no processo de encerramento das suas centrais nucleares e precisa do gás natural para a transição energética.

Por outro lado, a exportação de gás natural para a Europa é uma das maiores fontes de receita da Rússia, pelo que a suspensão do projeto vai abalar consideravelmente as finanças da Gazprom e do estado russo.

A suspensão do Nord Stream 2 vinha sendo apontada por muitos países ocidentais como uma sanção fundamental contra a Rússia: não só abalaria as finanças de Moscovo como reduziria a dependência da UE da Rússia. Só a Alemanha, dependente do gás, mostrava resistências a esta opção.

Agora, com Olaf Scholz a assegurar que o Nord Stream 2 não vai receber a certificação, o Ocidente parece alinhado no propósito de impactar duramente as principais empresas russas.

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