A reação dos mercados à operação militar da Rússia é a esperada. As bolsas estão a cair e as matérias-primas, em particular o petróleo e o gás natural, estão a subir.
O Brent, que serve de referência às importações portuguesas, já ultrapassou os 100 dólares, negociando no final da manhã perto dos 105 dólares e o WTI (em Nova Iorque) também está perto dos 100 dólares. Há já quem antecipe que o petróleo pode ir aos 120 ou 130 dólares. A fasquia dos 100 dólares não eram alcançados desde setembro de 2014.
A marca dos 100 dólares já andava no horizonte dos analistas mesmo antes do conflito entre a Rússia e a Ucrânia ter chegado ao terreno. As tensões já faziam sentir-se nos preços do ouro negro. A Rússia é uma das principais exportadoras de petróleo.
Mas outro efeito imediato do conflito é a continuada subida dos preços do gás natural. Segundo os dados da cotação nos Países Baixos, o gás natural disparou quase 30% para entrega em abril de 2022, estando nos 113 euros por MWh, mas os futuros para entrega em junho sobem 33% para 116 euros.
A disrupção ao nível dos fornecimentos de energia, já que a Rússia é um dos principais exportadores tanto de petróleo como de gás natural, é um dos principais receios deste conflito.
Patrick Pouyanne, CEO daTotalEnergies, diz, citado pela Reuters, que as operações na Rússia, que incluem gás natural, não foram para já afetadas, e diz acreditar que a Rússia não vai usar o gás como uma arma no conflito.
Os produtos agrícolas, em particular os cereais, também estavam a fortes subidas com as cotações do milho e do trigo a valorizar mais de 5% no mercado de matérias primas de Chicago. Rússia e Ucrânia são grandes fornecedores de cereais à Europa.
As bolsas, por seu turno, estão a cair por toda a Europa. Em Londres, a meio da manhã, o FTSE caia quase quase 3%; em Paris o CAC tombava 4,5%; em Frankfurt o DAX estava em queda pronunciada de 4,65%%. Na Rússia, a bolsa de Moscovo perdeu quase 30% e o rublo caia 3,5%.
A bolsa de Madrid estava a desvalorizar 3,84% e em Lisboa, o PSI 20 afundava 4%. O BCP com uma perda de 8,,4% era a ação mais penalizada, mas também a Altri, Mota-Engil caia mais de 7%. Sonae, Jerónimo Martins e Navigator também estavam a ser muito penalizadas.
Outro mercado que está a reagir em alta é o ibérico de eletricidade com o preço diário médio a atingir os 240 euros por MWh ao final da manhã, ainda assim abaixo dos recordes alcançados no final de 2021. Já os contratos de futuros para 2023 alcançaram um preço recorde de 141 euros por MWh também ao final da manhã.
Como é habitual em momentos de quedas nas bolsas, os ativos refúgio sobem. É o caso do ouro que está a subir mais de 3%, estando novamente perto dos 2.000 dólares.