A Bósnia-Herzegovina reforçou esta terça-feira o seu pedido de adesão à União Europeia (UE), sublinhando a necessidade de “unidade na Europa”, na sequência da invasão da Ucrânia por tropas russas.
O pedido para que o país dos Balcãs seja considerado candidato ao ingresso na UE foi feito pelo presidente da Bósnia-Herzegovina, Zeljko Komsic, através de uma carta ao Conselho Europeu e à Comissão Europeia, noticia a Efe.
Na missiva, Zeljko Komsic defende que, num momento em que existe uma agressão da Rússia à Ucrânia, se torna “mais do que nunca necessária uma unidade europeia“, sublinhando que “é um sinal claro de que os Balcãs Ocidentais fazem parte da Europa e que os países que o compõem são inquestionavelmente futuros membros” da UE.
“Tal visão da Bósnia-Herzegovina e dos Balcãs Ocidentais na UE fundamenta-se na estratégia da política externa do país”, apontou Zeljko Komsic, que integra a presidência colegial tripartida do país, com um representante sérvio e outro bosníaco (muçulmano), e onde as decisões devem ser tomadas por consenso.
Komsic recordou que a Bósnia-Herzegovina se juntou aos países da UE na imposição de sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia, sendo que já tinha feito o mesmo em 2014, aquando da anexação russa da Crimeia.
Ainda que tenha admitido que o país não cumpriu algumas das prioridades reclamdas pela UE, Komsic ressalvou que a concessão de um estatuto de candidato iria dar “mais segurança e estabilidade à Bósnia-Herzegovina“, criando um “ambiente mais favorável para a concretização das reformas necessárias”.
O chefe de Estado bósnio sublinhou que “tal ambiente” impulsionaria reformas necessárias para o futuro processo de negociação da adesão, como a reforma constitucional e a do sistema político, para uma maior democratização da sociedade e melhorias ao nível dos direitos humanos.
“O crucial é eliminar todas as divisões étnicas que provocam vários bloqueios políticos, para que as instituições estatais possam levar a cabo, com rapidez suficiente e eficácia, as tarefas reformistas”, apontou.
Na Bósnia-Herzegovina está em vigor desde 2015 o Acordo de Estabilização e Associação com a União Europeia, tendo o país solicitado adesão à UE em 2016.
Contudo, as constantes tensões políticas entre os líderes dos três povos bósnios prejudicam a implementação das reformas necessárias para que o país obtenha o estatuto de candidato a ingressar na UE.
Nos últimos meses, o líder sérvio-bósnio Milorad Dodik tem agudizado as tensões na Bósnia devido aos seus planos separatistas.
Dodik, líder pró-russo, há anos que defende que a parte sérvia da Bósnia deve deixar o resto do país e unir-se à vizinha Sérvia.
Após assinatura do Acordo de Dayton em finais de 1995, a Bósnia-Herzegovina foi fraturada em duas entidades, unidas por um frágil Estado central cujos poderes têm vindo a ser reforçados nos últimos anos.
Na prática, e mais de 25 anos após o fim da guerra civil, o país balcânico com 3,3 milhões de habitantes permanece um protetorado internacional, com fortes poderes decisórios atribuídos ao alto representante que supervisiona e coordena a aplicação dos aspetos civis do Acordo de Dayton.